OPINIÕES

'Tua Cantiga', música de Chico Buarque, instiga debate sobre machismo

Fãs do músico, escritores e jornalistas têm debatido o que há por trás de um dos trechos da música, considerado polêmico

Da Editoria de Cultura
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Publicado em 11/08/2017 às 12:01
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Fãs do músico, escritores e jornalistas têm debatido o que há por trás de um dos trechos da música, considerado polêmico - FOTO: Foto: Reprodução/YouTube
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No último dia 27 de julho, o cantor e compositor Chico Buarque fez o lançamento de Tua Cantiga, sua mais recente música de trabalho e integrante de seu próximo álbum, Caravana, com previsão de chegar ao público ainda neste mês de agosto. A princípio, as redes sociais foram invadidas por uma aparente recepção positiva à faixa, avaliada até então como declaração de um amor devotado, feita por um eu lírico apaixonado.

Nos últimos dias, porém, a canção tem gerado debates, também inflamados através da Web, a respeito de um trecho específico, usado como ponto para discutir tópicos como machismo e sororidade - a noção de cumplicidade e proteção entre mulheres. "Quando teu coração suplicar / Ou quando teu capricho exigir / Largo mulher e filhos / E de joelhos / Vou te seguir", diz o trecho em questão, que aparece na quarta estrofe da música.

Uma das pessoas a criticar o conteúdo de autoria de Chico Buarque foi a produtora Flávia Azevedo, em artigo publicado no site Correio 24 Horas, da Bahia. Em O Amor Datado de Chico Buarque, ela mostra o que a incomodou. "De repente, pra um monte de mulheres, ‘largo filhos’ soou tão romântico quanto um arroto no meio do beijo. Uma deselegância, uma sacanagem, uma coisa feia e desnecessária. A gente broxou”.

Houve, no entanto, quem saísse em defesa do compositor, virando as críticas aos que lhe 'apontaram o dedo'. Foi o que fez a jornalista Nina Lemos, com a Carta Aberta ao Chico Buarque, “O Datado” (SIC), e a escritora Nathalí Macedo, colaboradora do site Diário do Centro do Mundo. Autointitulada militante feminista, Nathalí defendeu que os jovens incomodados com a letra da música são moralistas ao bradarem que "não se sentem representados" por ela. "Como se todas as contribuições de Chico Buarque para a música brasileira devessem ser anuladas só porque ele não tem como musa a mulher empoderada do Século XXI", escreveu ela.

Uma das últimas a se pronunciar sobre a polêmica foi a jornalista Cynara Menezes, autora do blog Socialista Morena. Foi nele onde ela publicou, na quarta-feira (9/8), o texto intitulado A canção cafona de Chico Buarque, moralismo e ídolos inatacáveis, no qual flutua entre os dois extremos dos posicionamentos sobre o tema.

Cynara inicia a avaliação afirmando que achou a música "cafona", mas que o problema maior vai além de seu gosto pessoal. Para ela, muitas das críticas destinadas a Chico estão carregadas de moralismo, mas defende, no entanto, que grandes ídolos podem e devem ser criticados. "O que me incomoda na crítica a ela [a canção] é o moralismo embutido. Mas não acho que ninguém seja sagrado, todo mundo pode ser alvo de críticas. Até o Chico e o Ney [Matogrosso]", encerra sua colocação.

Chico Buarque ainda não se pronunciou sobre o assunto.

OUÇA TUA CANTIGA:

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