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Recifense ocupa Parque Santana para festival de jazz

Com atrações de peso, BB Seguridade de Blues e Jazz transformou o parque em catedral da boa música

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 23/09/2017 às 23:58
Bobby Fabizak/JC IMAGEM
Com atrações de peso, BB Seguridade de Blues e Jazz transformou o parque em catedral da boa música - FOTO: Bobby Fabizak/JC IMAGEM
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Sozinho ou em grupos, famílias inteiras, o recifense, sobretudo os moradores da Zona Norte da cidade, ocuparam o Parque Santana, na fronteira entre os bairros de Casa Forte e Apipucos, em função do centenário ritmo do jazz. Entre a tarde e a noite deste sábado, o logradouro foi ocupado pelas estrelas do festival BB Seguridade de Blues e Jazz, uma iniciativa do Banco do Brasil.

Mais que música, o lugar foi ocupado pelo senso de pertencimento e vitalidade a um espaço público privilegiado da cidade. “É muito bom ver um festival como esse num lugar tão bonito e importante. Além de cultura, oferece segurança e a liberdade de poder usar a cidade”, disse o micoempresário César Trovão. "Apenas os intervalos entre os shows podia ser menor".

A escalação de atrações passou por uma curadoria impecável. No comecinho da noite, quem assumiu os trabalhos foi o trompetista norte-americano Leroy Jones. Lendário, revezando o trompete com a própria voz, Leroy Jones conduziu seu show com uma banda montada em cima de piano, baixo e bateria. Leroy é um dos últimos grandes herois do blues mais tradicional de Nova Orleans. Membro do New Orleans Jazz Hall of Fame, ele é considerado pela crítica internacional como uma mistura da musicalidade de Louis Armstrong com o bebop do virtuoso Clifford Brown. O blues man desfilou clássicos como Bourobn Street Parede, Sleepy Time Down South, Basin Street Blues, Do you Know What it Means (to Miss New Orleans). Foi uma noite única: não são muitas as vezes em que Leroy sai de sua terra para shows.

Logo depois dele, quem assumiu as funções foi o sempre inclassificável Hermeto Paschoal. O “bruxo” é um antigo conhecido do público da cidade. Ainda aos 14 anos de idade, já tocava seus instrumentos nos auditórios da Rádio Jornal do Recife. Doutor Honoris Causa por uma das mais respeitadas escolas de música dos Estados Unidos, a New England Conservatory, foi no Recife que o alagoano começou sua trajetória.

HERMETO


Multinstrumentista, Hermeto segue tocando teclado, piano, flauta-baixo, escaleta, sanfona 8 baixos, chaleira, berrante e uma infinidade de objetos transformados em instrumentos musicais, como um dos mais compulsivos músicos do mundo. Sem conceito amarrado, sua musica, por ele definida, pode ser entendida como por conceitos como “Universal, Cifragem Universal, Música da Aura, Música dos Ferros e Método do Corpo Presente. Hermeto fundiu corações e ouvidos no Parque Santana. No palco, se fez acompanhar pelo grupo que define como “nave-mãe”: Fabio Pascoal (percussão); Itiberê Zwarg (baixo e voz); André Marques (piano), Jota P (saxes e flauta) e Ajurinã Zwarg (bateria). Antes do bruxo, o guitarrista fez um show também incendiário. Desceu, inclusive, do palco e tocou no meio do público.

Quem fechou a noite foi Zeca Baleiro. O maranhense surpreendeu, desfilando um repertório de blues no lugar de seu pop afetuoso. Abriu com uma versão bluesy de Vapor Barato, clássico de Macalé na voz de Gal Costa, e incorporou os bons militantes brasileiros do gênero: Sérgio Sampaio, Celso Blues Boy e mostrou seu lado autoral no gênero com as bem-recebidas Blues do Elevador e a inédita St Louis Blues. No pop ou no blues, Baleiro mostra a versatilidade de sempre. Esse festival tem tudo para entrar no calendário da cidade. "Maravilhoso ver esse espaço tão importante da cidade ocupando por tanta música boa", dizia, na plateia, a atriz Fabiana Pirro.

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