Mimo 2017

Mimo começa sexta em Olinda com música, cinema e poesia

Programação abriu espaço para nova geração de músicos

JOSÉ TELES
Cadastrado por
JOSÉ TELES
Publicado em 15/11/2017 às 10:04
Foto: Divulgação
Programação abriu espaço para nova geração de músicos - FOTO: Foto: Divulgação
Leitura:

Uma babel de idiomas e de estilos musicais toma conta de Olinda, de sexta a domingo, com mais uma edição da Mimo Festival, realização da  Lu Araújo Produções e Musickeria, que acontece em igrejas, na Praça do Carmo, na Ribeira, com música, oficinas, cinema e poesia. É a última etapa desta edição, que começou em Amarante, Portugal.

 “Os portugueses se perguntam o que é isso? Não têm costume de ver grandes nomes do jazz tocando em praça publica, com entrada gratuita. No passado, deu umas 20 mil pessoas, este ano chegou a 60 mil. Foi um sucesso. Lá tem a vantagem de grandes nomes serem mais acessíveis, porque estão tocando nos festivais de verão na Europa”, diz Lu Araújo, idealizadora do festival, que aconteceu também no Rio, em Ouro Preto, Tiradentes (MG) e Paraty (RJ). Iniciada em 2004, a Mimo este ano sofreu modificações que ampliaram o perfil do evento, cujas atrações musicais se equilibravam basicamente entre o jazz, o erudito e a música de raízes. No geral, com inevitáveis exceções, uma música mais para se ouvir do que cantar junto ou dançar.

 No Rio, na Marina da Glória, onde aconteceu a maior parte dos concertos da edição carioca, o festival teve no domingo o seu maior público (foram distribuídos dez mil ingressos) e foi fechado em clima de apoteose com o rapper Criolo, em seu projeto de samba (com participação de Nelson Sargento). Antes o suingue ficou por conta do baiano Russo Passapusso. Sexta e sábado (um dia de chuva) a Mimo teve também ótimo público, abrigando uma pluralidade de estilos, no palco estilizado, criação da empresa Sumaré-Aud, tendo à frente o arquiteto Gilberto Borges.

 Na edição olindense, quem fecha a Mimo é Otto, na Praça do Carmo, com o show do álbum Ottomatopeia, um tipo de música que não seria de se esperar num festival que já trouxe para mesma praça nomes consagrados do jazz, o pianista Chick Corea e o guitarrista Mike Stern. “Eu quis este ano trazer gente jovem que está fazendo boa música agora, com referência em artistas de outras gerações. É o caso, por exemplo, de Zé Manoel (que se apresenta sábado, às 19h, na Igreja do Carmo)”, comenta a produtora.

 A associação com produtores de Portugal aproxima a Mimo de artistas lusitanos, ou de língua lusófona, a exemplo do angolano Paulo Flores, um dos mais populares artistas do seu país e em Portugal, mas ainda desconhecido no Brasil. Flores cantou no Rio e se apresenta em Olinda (sexta, na Praça do Carmo). Por sua vez Manel Cruz, do grupo de rock Ornatos Violeta, muito popular na terra de Camões e ignorado por aqui, mostra aqui seu elogiado trabalho solo, Extensão de Serviço - Rumo à Idade Mídia, um pop com doses de experimentalismo, bem acolhido pela plateia carioca.

 Pena que não tenha vindo a Olinda o trio Língua Franca, que faz sua estreia em terras brasileiras. O grupo é formado por pelos rappers Emicida, Rael e a portuguesa Capicua, que faz rap com talento e muito carisma.

 JAZZ & BALANÇO

O violonista francês Didier Lockwood, que se apresenta sexta, na Praça do Carmo, é o medalhão de jazz da Mimo. Nos anos 70, ele integrou um dos mais importante grupo franceses da década, o Magma. Lockwood deu continuidade a uma quase tradição francesa, o violino no jazz, iniciada com Stephane Grappelli, que tocou com Django Reinhardt, depois veio Jean-Luc Ponty, que se tornou nome internacional ao entrar para a banda de Frank Zappa.

 Lockwood está entre os dois, porém com um viés mais roqueiro. Mas quem deve botar a plateia para balançar, se repetir o show no Rio, é a colombiana Ondatrópica, que faz uma salada de ritmos colombianos com rock, rap, funk, jazz e toques de música brasileira. O Ondatrópica se apresenta sexta, no supercolorido palco montado na Praça do Carmo, o mesmo utilizado no Mimo Rio.

 Infelizmente, a Konono nr.1, do Congo, uma das mais bem sucedidas bandas africanas, ficou fora da programação, devido problemas burocráticos para tirar vistos.

Últimas notícias