ESTREIA

Cantor China lança livro infantil sobre viagem do seu cachorro

Em 'Carlos Viaja', ele narra do ponto de vista do cão uma viagem pelo Nordeste brasileiro

JC Online
Cadastrado por
JC Online
Publicado em 23/05/2018 às 12:24
Tulipa Ruiz
Em 'Carlos Viaja', ele narra do ponto de vista do cão uma viagem pelo Nordeste brasileiro - FOTO: Tulipa Ruiz
Leitura:

O cantor pernambucano China estava com quase tudo pronto para uma viagem. Como combinado, na véspera, foi deixar o seu cachorro, Carlos, em um hotelzinho, mas não conseguiu. “Achei muito deprê. Senti também que era a maior sacanagem deixar ele ali naquele canto estranho enquanto a gente ia curtir”, comenta. Como a viagem seria de carro, ele e a companheira decidiram levar Carlos de última hora. Mais do que gerar boas lembranças, as férias terminaram sendo o ponto de partida do primeiro livro do músico.

Carlos Viaja (Impressões de Minas), que será lançado no Recife no domingo (27 de maio), na Casa das Asas, nas Graças, traz uma narrativa desse passeio pelo Nordeste e por Minas Gerais. No livro, China imagina por meio de rimas o ponto de vista do cachorrinho de todos os cenários e mudanças por que passou. Assim, a obra se completa com os desenhos da cantora Tulipa Ruiz.

“Carlos veio muito tranquilo no começo. Ficamos preocupados que ele não comia e nem fazia cocô nas primeiras 24 horas de viagem. Só quando chegamos na Bahia ele se soltou mais, botava a cabeça para fora do carro quando a gente diminuía a velocidade para passar dentro de uma cidade”, conta China.

O autor cria as impressões de Carlo: na Bahia, o vê saudando outros cães e registrando a paisagem; no Recife, interagindo com os cinco jabutis do quintal da casa em que estava. A Igreja da Sé, o medo do mar, o Sertão, um banho no Rio São Francisco e a Chapada da Diamantina ainda aparecem na narrativa.

Foi no Vale do Capão, na Chapada, que a obra começou a tomar forma. China estava descansando, vendo Carlos solto perto da mata se afastar e voltar, curtindo a viagem. “Ali eu parti para escrever sem saber onde iria chegar. Não tinha imaginado fazer um cordel ou um livro. Só fui pensando o que Carlos estava sentindo. Cerca de 70% do livro nasceu ali, sentado, com ele solto”, relata o autor.

Segundo o músico, a ideia de escrever algo nunca tinha passado na sua cabeça. A literatura infantil, no entanto, sempre foi muito presente na sua vida, afinal, sua mãe, Lúcia, trabalha com obras para crianças. “Eu já era feliz com as minhas músicas”, aponta o cantor. “Fiz o livro em rimas porque talvez por causa da música, talvez por essa influência da minha mãe, que faz cordéis. Era um pouco também como se eu tivesse contando a história para meus filhos – nessa hora me deu saudade de eles não serem mais jovens, serem dois galalaus.”

ILUSTRAÇÕES

Quando o livro ficou pronto, China foi logo procurar alguém para dialogar com seu texto. O nome da amiga Tulipa Ruiz logo veio à mente. “Sempre gostei muito do traço dela, tem uma cor que me encanta muito. E encanta todas as crianças também. É até engraçado porque, quando liguei para Tulipa, ela pensava que era para combinar de gravar uma música junto”, conta o músico. “Ela deu uma vida para Carlos, eu vejo meu cachorrinho nas ilustrações”, comenta o autor.

Dessa primeira experiência nos livros, outras podem surgir: China, afinal, pegou gosto pela escrita. “É quase um prêmio que dou a minha mãe, que é a minha maior influência na literatura e na escrita. É como se estivesse devolvendo um pouco do que ela me deu”, confessa. Das histórias que contava aos filhos, ele guardou algumas, para não esquecer o que inventava. Nunca tinha pensado em transformá-las em algo, mas agora se animou.

Por enquanto, o foco está em Carlos Viaja. Além disso, China continua cheio de projetos musicais. Prepara um disco novo, com produção de Yuri Queiroga – atualmente, grava as vozes do álbum. “Continuo também fazendo as coisas de sempre, com as participações no Multishow e na Bandeirantes. Estou com dois programas na web também: o Discoleção, em que conto a história de um dos LPs que tenho aqui, e o Ócio Criativo, em que regravo um clássico da MPB tocando todos os instrumentos”, lista o sempre inquieto – e agora escritor – Flávio Dornelas Câmara, ou melhor China.

Últimas notícias