A cantora potiguar Roberta Sá participa do projeto Palco Brasil, na Caixa Cultural, nesta quinta (23), sexta (24) e sábado (25). Em entrevista à repórter Duda Lapenda, a artista adianta o que o público vivenciará na ocasião e fala sobre o novo disco em homenagem a Gilberto Gil, com lançamento no próximo ano.
JORNAL DO COMMERCIO – Primeiro, como está a expectativa para a participação no Palco Brasil?
ROBERTÁ SÁ – A mais animada e feliz possível. Eu adoro o público pernambucano, que sempre me recebe muito bem. Eu nunca fiz um show nesse formato, então, será uma experiência inédita para mim. A proposta do projeto, que vai passar por três cidades - Recife, Salvador e Fortaleza -, é que, em cada cidade, a gente cante algumas coisas e conte histórias sobre essas canções.
JC – Com relação aos efeitos visuais que darão um toque especial ao show, o que o público pode esperar?
ROBERTA – Eu enviei material do meu acervo pessoal à produtora, que é quem está cuidando diretamente de toda essa parte audiovisual, mas acredito que o público verá um belo álbum de memórias, digamos assim, de momentos importantes da minha carreira.
JC – Qual foi o critério de escolha para apresentar composições de músicos como Paulinho da Viola, Lula Queiroga, Quito Ribeiro e outros?
ROBERTA – É curioso, mas eu não incluí nenhuma música autoral, porque acho que o fundamental na minha história tem sido a minha relação com os compositores. Eu quis privilegiar esses compositores que me mandaram canções. Sempre me considerei mais intérprete do que compositora. Agora eu estou lidando de outra maneira com essa questão de compor, mas isso fica para um próximo capítulo da minha história. Nesse show eu incluí Dorival Caymmi e também Lula Queiroga, Pedro Luís, Adriana Calcanhotto, Martinho da Vila, pessoas que compuseram canções especialmente para mim.
JC – Já são mais de 15 anos de carreira. Como você percebe sua própria evolução e quais momentos foram decisivos para você chegar ao patamar no qual está hoje?
ROBERTA – A grande diferença da cantora de hoje para aquela do começo está na segurança de fazer as coisas de forma mais serena. Eu sempre fui uma cantora muito intuitiva e isso não mudou. Vários momentos foram decisivos, como quando gravei pela primeira vez com Chico Buarque e voltei a gravar com ele, em Delírio, e agora com Gilberto Gil, com quem acabei de gravar um projeto inteiro. Ou seja, tem muita coisa linda para acontecer ainda, que eu agradeço muito mesmo a todos esses anos de trabalho, porque é na estrada que a gente aprende a caminhar.
JC – De todos os seus discos, qual o mais especial? De onde vem a inspiração para cada trabalho?
ROBERTA – O mais especial é sempre o que estou fazendo agora. Olha, a minha inspiração sempre está muito ligada ao meu dia a dia, ao que eu estou vivendo. Meus discos são resultado das minhas reflexões, de como eu enxergo o mundo naquele momento. Por isso eu privilegio os compositores, porque eles dão voz a coisas que e estou pensando mas que, muitas vezes, não consigo traduzir.
JC – Você está preparando um disco com músicas de Gil para o próximo ano. Fala um pouco sobre esse trabalho?
ROBERTA – O processo todo tem sido muito afetuoso e aconteceu de maneira muito natural, a gente não teve pressa alguma. A ideia de um disco só com canções do Gil começou no final de 2016, quando Gil me mostrou Giro, a primeira canção que compôs pra mim. Conviver com o Gil e gravar com ele em Afogamento, outra inédita dele com o saudoso jornalista Jorge Bastos Moreno, que foi quem nos aproximou naqueles almoços de domingo, me deu um sentimento de aconchego familiar. De vez em quanto eu me lembro que é o Gilberto Gil, até porque ele lida com isso de maneira muito suave e delicada. Afogamento acabou se transformando no primeiro single desse projeto, que deve sair ano que vem.
Serviço
l Roberta Sá no Palco Brasil. Quinta (23) e sexta (24), às 20h, e sábado (25), às 17h e 20h. Na Caixa Cultural (Av. Alfredo Lisboa, 505, Praça do Marco Zero, bairro do Recife). Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia).