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Reggae no Recife: Conheça o sistema de som Leão Conquistador

Feito com esforço e dedicação ao ritmo jamaicano, sounsystem criado por Jah Leo e equipe tem 6.000 watts de potência, 1,80m de largura e 3m de altura

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 01/09/2018 às 9:00
Foto: Lucas Mendes/Divulgação
Feito com esforço e dedicação ao ritmo jamaicano, sounsystem criado por Jah Leo e equipe tem 6.000 watts de potência, 1,80m de largura e 3m de altura - FOTO: Foto: Lucas Mendes/Divulgação
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“Uma coisa boa da música é que quando/ Ela atinge, você não sente dor”: Era assim que Bob Marley cantava em 1975, nos dois primeiros versos de Trenchtown Rock. O principal ícone do reggae sabia muito bem o que dizia naquela época ao lado
da banda The Wailers. O gênero musical nascido na Jamaica nos anos 1950 ganhou o mundo ao longo do tempo, vivendo seu auge duas décadas depois. O ritmo que propaga mensagens positivas e influencia gerações até os dias de hoje chegou aos ouvidos de um garoto nascido no Paraná, filho de militar e uma dona de casa, em meados de 2006. Foi ali que o jovem Leonardo Silva teve seu primeiro contato com o gênero, fazendo dele seu estilo de vida até hoje, a ponto de ser conhecido apenas como Jah Leo.

Apesar de ouvir bastante o gênero, só quando veio morar no Recife no ano de 2010 passou a assistir shows de reggae. A afinidade fez com que ele se aprofundasse na difusão do ritmo no ano de 2012, quando entrou no coletivo Reggae Pelo Reggae, onde organizava shows e pequenas festas na cidade, dedicadas aos admiradores da sonoridade. Na mesma época, criou uma fanpage do coletivo para compartilhar informações sobre a cultura reggae. Nessas pesquisas, entrou em contato com o soundsystem – sistemas de som, algo parecido com os “paredões de som” que chamamos hoje em dia – considerada uma das bases da música jamaicana desde os anos 1940, e ainda pouco difundida na capital pernambucana.

O aprofundamento de Jah Leo na pesquisa sobre os sistemas de som foi em 2014, ao mesmo tempo em que conheceu Ewerson Selector, que o convidou a fazer parte do Vietcong Promotion Sound System, o principal sistema de som do Recife e região. “Nessa época (do Vietcong) eu tinha pouco conhecimento técnico de som. Aí fui estudar o som, a parte técnica, eletricidade, acústica e como fazer instalações. Tudo isso porque o sistema de som é algo artesanal”, conta ele, em entrevista ao Jornal do Commercio.

A imersão e a vivência fizeram com que, em 2016, ele decidisse criar o seu próprio soundsystem. Nascia ali então o que ele chamaria de Leão Conquistador. “A referência vem da Bíblia: o leão conquistador da Tribo de Judá. No caso do soundsystem, escolhi esse nome porque sempre me identifiquei muito com o leão tanto como animal, quanto a representação que ele tem para a música reggae e o movimento rastafári. Eu tentei idealizar um som que fosse de fato um leão conquistador: para conquistar novos públicos, mostrando sua imponência sonora”, define Jah Leo.

O Leão Conquistador nasceu com um investimento próprio na primeira etapa e arrecadou R$ 5 mil através de crowdfunding
para o segundo ciclo (terminar os amplificadores). Na última etapa, ele arrumou emprego no marketing de uma empresa de tecnologia. E como nada se faz sozinho, além do Jah Leo, a equipe do sistema de som conta com mais cinco pessoas. E o esforço valeu a pena. Completamente montado, o Leão Conquistador tem 6.000 watts de potência, 1,80m de largura por quase 3m de altura.

“Foram dois anos de montagem para produzir algo de qualidade profissional, mas sem perder a sua essência de ter sido algo
todo feito a mão. Compramos bons materiais, mas nós fizemos todas as instalações, construções, pinturas, cabos, além de manter a fidelidade de tocar discos de vinil por uma questão pessoal. Acho que como seletor (a pessoa que toca as músicas), fica mais divertido, além da qualidade sonora”, defende.

LEÃO NAS RUAS

A estreia do Leão Conquistador nas ruas já está marcada: 23 de setembro (domingo), das 15h às 21h, na Praça da Várzea, com entrada gratuita. Com isso, hoje o produtor Jah Leo, em plenos 28 anos, segue mantendo acesa a difusão do reggae novo e tradicional, na região e ao redor do mundo, levando a música que atinge a todos sem sentir dor, assim como Bob Marley mencionava décadas atrás.

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