Quando o guitarrista Pedro Baby, seu filho, sugeriu que Baby do Brasil voltasse aos palcos para cantar as músicas que a tornaram conhecidas – as dos novos baianos, as com Pepeu Gomes e as da carreira solo –, ela pediu um tempo. “Tenho este meu lado gospel. Disse a ele que precisava orar. Precisava falar com Deus, e tive a liberação. Para voltar, tinha que sentir a harmonia perfeita entre meu lado gospel e o lado da Baby. Dei carta branca para que ele trouxesse toda visão que tinha da mãe dele”, explica a cantora, em entrevista por telefone, do Rio, onde mora. Ela se apresenta hoje às 23h, com sua banda, no Vivo Open Air, no Cais de Santa Rita,
“Fui eu que tirei ela de casa para fazer este show. Acho que mainha estava perdendo as esperanças de que eu trabalhasse com ela, até porque eu não tinha nem tempo. Depois do trabalho com Gal, fiquei incentivado a fazer”, diz Pedro Baby. Ele assina a produção, arranjo e seleção de repertório do show que trouxe a cantora de volta para os palcos, depois de vários anos de popstora (ou “pastora pop”).
Para Pedro Baby é também um recomeço, pois foi com Baby do Brasil que ele, aos 16 anos, ganhou o primeiro cachê como músico. “Este show é um presente especial que estou dando a minha mãe nos 60 anos dela. Eu estava sentindo também um desejo grande do público em vê-la novamente cantando. Mas aí foi tomando proporções que a gente não esperava, nem sabe até onde vai dar”, comenta o músico de 34 anos. Ele se tornou um dos mais requisitados guitarristas e violonistas de sua geração. Gal Costa , Marisa Monte, Ana Carolina, Moraes Moreira, e Bebel Gilberto São alguns dos nomes com os quais tem tocado.
“Está sendo um prazer, uma delícia. É algo feito com muito amor, então deixemos que a coisa se estenda até onde quiser ir”, concorda Baby do Brasil. Ela diz que quer satisfazer a curiosidade de uma geração muito nova que sabe da sua história musical e dos Novos Baianos. “Estes shows que venho fazendo são como se fossem uma confraternização de gerações. É o reencontro de estilos, tendências. O nível musical muito apurado leva as pessoas, de repente, a uma avalanche de pedidos pelo o show”, diz a cantora, que critica a indústria fonográfica pelo mercantilismo exacerbado em detrimento da qualidade.
Baby do Brasil crê numa retomada da boa música, num mutirão que será levado a efeito pro jornalistas, músicos: "Acho que música precisa ter uma harmonia, beleza melódica para conquistar o coração do povo. Quando ela se torna só comercial, o grande barato fica sendo somente o sucesso. É o que acontece com a axé, sertanejoe o funk aqui do Rio. São produções da indústria fonográfica desesperada. Este tipo de música, corre na saída, mas morre na curva".
Pedro Baby confessa que escolheu músicas de sua preferência, mesmo que algumas sejam pouco conhecidas, mas todos os sucessos estão no repertório. Já Baby do Brasil se diz tranquila. Não teme nem o alerta para um suposto fim do mundo no dia 21 de dezembro: “Quando for acontecer, haverá um anúncio. Nem o Filho, diz a Bíblia, sabe qual é este dia. Neste dia, aquele tiver o espírito santro dentro dele será arrebatado. Ou seja, transportado deste parfa o outro lado sem morrer”.