O recifense Marco Polo tem nove livros publicados, poemas seus foram incluídos em coletâneas Brasil afora. Jornalista, ela já foi do Jornal da Tarde, de São Paulo, e editou por vários anos o Caderno C do Jornal do Commercio. Como cantor e compositor gravou um disco com o Ave Sangria, e participou da compilação A turma do Beco do Barato (com o Phetus, Lailson, Lula Côrtes). É exatamente pelo único álbum com o Ave Sangria que ele é mais admirado, e influência de várias bandas da nova cena pop pernambucana. Hoje, a partidas 17h, na Casa do Cachorro Preto, em Olinda, numa programação que terá também a banda Sonic Jr, mais os DJs Ravi Moreno e Artur Finizola, acontece uma celebração aos 40 anos de música de Marco Polo, que terá como convidados: Cannibal, Catarina Dee Jah, Tagore, Publius, Juliano Holanda, Natália Meira, e Marcos Tolêdo.
Marco Polo voltou ao Recife no final de 1971, depois de uma temporada em São Paulo, onde trabalhou como repórter no extinto Jornal da Tarde (do grupo O Estado de São Paulo). No Recife ele era mais conhecido como poeta, o caçula da geração 65. Com 16 anos, era elogiado por nomes consagrados como Audálio Alves, César Leal e Ariano Suassuna: “Até ir para São Paulo, eu me dedicava apenas à poesia. tentei fazer música, mas não passaram de esboços. E São Paulo foi que compus quase todas as músicas que gravaria com o Ave Sangria”, conta Polo
Naturalmente, as músicas acabavam sendo conhecidas por pessoas como Marília Pera, que foi a primeira a cantar Seu Valdir, composta para uma peça de Bráulio Pedroso (1931/1990). A coluna Notas Ligadas, do jornal Rolling Stone (a edição nacional, editada em 1972, dirigida por Luis Carlos Maciel) cita que uma banda de Caxias (RJ) chamada Massa Experiência (que tinha entre seus integrantes o percussionista Gigante Brasil), incluía no repertório Geórgia a carniceira e Hey man. Marco Polo não tem ideia de como suas músicas chegaram à baixada fluminense: “Se conheci este pessoal, as lembranças sumiram na fumaça, talvez tenha conhecido, mas não lembro”.
Ele lembra bem que voltou ao Recife pretendendo trabalhar com música: “Mas não imaginava que ia encontrar um ambiente tão propício, com bandas como a Nuvem 33, Phetus, Flaviola. As músicas que gravei com o Ave Sangria foram compostas em São Paulo. Quando voltei, tinha um repertório mas não tinha banda. Aí conheci os caras que tinham uma banda, mas não tinham repertório”. A banda a que se refere era a Tamarineira Village, que seria rebatizada de Ave Sangria, o mais cult dos grupos de rock pernambucano. A história da banda é bem conhecida. Por indicação de um dos integrantes do Trio Irakitan, o grupo foi contratado pela Continental, que realizou a primeira grande tentativa de impor rock nacional ao mercado de discos do Brasil. A censura, porém, implicou com o chorinho Seu Valdir, e cortou as asas da Ave Sangria, que acabaria no final de 1975.
Marco Polo gravou no final da década um álbum no Recife, patrocinado por um fã baiano. Seria quase mais um disco do Ave Sangria. apenas Almir Oliveira e Agrício Noya não participaram das sessões, em que Marco Polo registrou dez canções inéditas. Infelizmente, quase todas continuam no ineditismo. Duas delas estão no repertório ensaiado para o show de hoje, com suas composições bandas pelo Ave Sangria, e talvez canções mais recentes: “Estou com um repertório suficiente para gravar um disco novo, estou esperando o resultado de um projeto de patrocínio”, avisa Marco Polo.
Show Marco Polo, 40 anos de carreira, na Casa do Cachorro Preto ( Rua 13 De Maio, 99, Varadouro, Olinda), com Marco Polo e seus convidados: Cannibal, Catarina Dee Jah, Tagore, Publius, Juliano Holanda, Natália Meira, e Marcos Tolêdo. E ainda a banda Sonic Jr, e os DJs Ravi Moreno e Artur Finizola. Ingressos: R$ 15.