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Banda de Reginaldo Rossi toca à frente o legado do "patrão"

Grupo pretende também incluir no repertório músicas autorais

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 14/02/2014 às 6:00
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O mesmo palco onde aconteceu o derradeiro show de Reginaldo Rossi será o mesmo em que estreará a The Rossi A banda, grupo formado pelos músicos que acompanharam o cantor durante muitos anos. No Manhattan, em Boa Viagem, The Rossi se apresenta hoje e amanhã,a partir das 21h, ressaltando que o show de hoje coincide com o aniversário de 71 anos de nascimento do Rei do Brega. O repertório, claro, consiste de canções pinçadas do extenso cancioneiro do cantor, que faleceu em dezembro de 2013.

Edmilson (bateria), Ernesto (trompete), Bino (baixo), Marcílio (teclado), Jorge (guitarra) é a formação de The Rossi (mais o convidado Ledo, percussão e voz). Os cinco viveram dias de angústia enquanto durou a agonia do “Cantor”, como tratavam Reginaldo Rossi. O empresário Sandro Nóbrega até aconselhou que eles voltassem por enquanto às virações que os músicos fazem quando não estão em turnê, porque não se sabia até quando se estenderia aquela situação. ”Ninguém pensou que fosse tão grave. Ele se internou, mas todos nós ficamos tranquilos. Sandro ia comunicando a gente como estava a situação”, conta Bino, baixista do grupo.

Quando os músicos souberam que o quadro era irreversível, decidiram permanecer fieis ao “Cantor”: “Comecei a pensar em continuar como A Banda do Rei, conversamos sobre isso. E então Sandro veio com a proposta do The Rossi. A gente decidiu que continuaria, porem o grupo não teria um cantor imitando Reginaldo, que é insubstituível. Eu e Marcelo , do teclado, que temos experiência como vocalistas, seríamos os cantores. Convidamos um amigo, Ledo, porque ele gostava de Reginaldo, tem afinidades com o projeto.Ninguém será destaque no grupo”, explica Bino, que tocou com Reginaldo Rossi durante 14 anos.

Eles selecionaram um repertório mais variado do que o que tocavam com o cantor. Bino diz que pegaram de todas as fases, inclusive canções do começo da carreira que Reginaldo nunca incluía nos shows: “Músicas como o Pão, festa de pães. E confesso que a seleção é até melhor do que a de Rossi. Ele nunca ensaiava. Cantava conforme o público, a gente ia atrás dele. Agora não. Está tudo muito bem ensaiado, com um roteiro”. Um roteiro no qual, mais adiante, pretendem incluir canções autorais, no mesmo estilo, e estrear em disco como The Rossi.

O baterista Edmilson Macaquito, no meio da entrevista, não contém as lágrimas. Comentava que chorou à tarde quando reviu um DVD que um amigo gravou do derradeiro show que fizeram com Rossi em Natal, e aí novamente a emoção foi mais forte. Ele ainda não conseguiu se recuperar do golpe. É o decano do grupo. Estava com o cantor desde 1971. Tinha 15 anos quando foi descoberto por ele tocando num conjunto num cabaré do Bairro do Recife: “Eu tocava num grupo formado pelo meu pai. Reginaldo gostou e me convidou para tocar com ele, fomos eu e meu irmão, Toninho, baixista, que ficou doze anos na banda”, conta Macaquito (apelido que lhe foi lhe dado por Rossi, porque Edmilson é normalmente muito alegre, e brincalhão).

“Quando comecei a tocar com ele, Reginaldo ainda morara no Rio. Me chamava quando vinha fazer temporadas aqui. Os shows aconteciam em circos, cinemas, nos clubes de subúrbio.As coisas depois mudaram, quando ele estourou com Garçom. Posso dizer que viajamos pelo Brasil todo . tocamos nos Estados Unidos, na África, na América latina”, conta Edmilson que diz considerar o cantor um segundo pai, com quem viveu bons e maus momentos. Um destes foi o período que se seguiu ao acidente de automóvel sofrido por Rossi em 1995, do qual levou seis meses para se recuperar (o Vectra que dirigia chocou-se com um ônibus: “Foi uma fase muito dura. Vendi carro, tudo ,até móvel de casa para botar comida em casa”, revela).

Jorge tem 13 anos de banda, mas um longo currículo como guitarrista, de em grupo de iê, em conjuntos de bailes, com o Embalo Z, acompanhou cantores como Cauby Peixoto, ou Maciel Melo, tocou em barzinhos. Ele diz que sentiu que o patrão não estava bem na derradeira bateria de shows que fizeram. Dois em João pessoa, e dois no Recife, no Manhattan, num final de semana: “No ultimo, no Manhattan, ele estava sentado no camarim, e se queixou de dores nas costas. Mas tomou uísque, com guaraná. No camarim havia sempre dois litros, um só pra ele. E fez o show, mas no final estava meio tonto”. Em João Pessoa, Edmilson conta que estava com ele no camarim, e Reginaldo só não caiu porque ele notou e o segurou antes”.

Quem tem menos tempos de grupo, entrou há quatro anos, é o tecladista Marcílio. Assim como os colegas, tocou com as mais diversas bandas, e cantores, conjuntos de bailes, o famoso Trio da Coca-Cola, que iniciou o carnaval da Avenida Boa Viagem no começo dos anos 80. Além de cantar também compõe. É um dos autores de Mexe mexe, uma das músicas que conseguiram furar o bloqueio da axé music,e fazer sucesso em Pernambuco. Entretanto, Marcílio e os outros quatro músico da The Rossi, reconhecem que não será fácil a volta, no palco que para eles ficou carregado de tanto simbolismo. O veterano Edmilson Macaquito fala pelos demais: “Não vai ser fácil estar tocando aquelas músicas sem o patrão. Mas temos que encarar, antes de tudo a gente é profissional”. 


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