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Show elogiado de Adriana Calcanhotto chega ao DVD

Espetáculo Olhos de onda começou em Lisboa em 2013

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 10/05/2014 às 6:34
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Com Olhos de onda, Adriana Calcanhotto montou um show que percorreu o caminho inverso dos seus espetáculos anteriores.  Foi mostrado pela primeira vez no Culturgest, em Lisboa, onde ela havia estreado em palcos portugueses há vinte anos. O que seria um espetáculo único, acabou numa digressão com mais dez apresentações no país. Só depois Olhos de onda cruzou o Atlântico para ser mostrado no Brasil.

O convite foi o que a motivou a fazer o show, mas Adriana realça a importância deste capítulo na sua carreira: “Tenho uma relação profunda com Portugal, a começar pela coisa da língua. Os dois países falam línguas diferentes. Eles dizem que nós falamos o brasileiro. Gosto de ir a Portugal para exercitar a língua. Expressões, palavras, são usadas aqui de uma forma, lá têm outro significado. É como se tivesse falando em outro idioma.Tenho também uma relação forte com a poesia portuguesa”, comenta a cantora, citando Adilia Lopes, e Mário Sá Carneiro, acrescentando o convite, aceito, feito pela professora Cleonice Bernardelli para tomar parte em um recital, no Real Gabinete Português de Leitura: “Um trabalho que será pontuado por canções de Mario Sá Carneiro em que botei melodia. Eu já havia feito três. Ela encomendou mais quatro. Vai acontecer no dia 28 de julho”, revela.

A conversa com Adriana Calcanhotto acontece numa suíte de um hotel, com nome de cantora (Marina) à beira mar do Leblon. Jeans, camisa branca, cabelos soltos, os olhos claros com a mesma tonalidade do mar, para o qual senta de costas. Está bem à vontade, fala suave, sem estender muito as respostas. Não parece ser do tipo que esquenta a cabeça fácil. Pelo menos não esquentou quando uma inflamação no pulso prejudicou-lhe a articulação da mão direita, ponto de impedir que tocasse violão. Instrumento que figura em sua vida desde que, quando criança, descobriu um velho Di Giorgio na casa da avó, em Porto Alegre.

Foram quase dois anos sem tocar, embora continuasse fazendo shows: “David Moraes, estava tocando comigo. Continuei então fazendo o Micróbio (do samba), tocando qualquer coisa, secador de cabelos, xícara, prato, coisas que não me machucasse. Já tinha feito cirurgia, começava a pegar de leve no violão. Na verdade tocava numa guitarra elétrica. A diferença entre a guitarra e o violão é que na guitarra você não precisa força, toca de leve. O violão não. Requer para ser ouvido requer que se bata com força nas cordas”.

Ela conta que apesar de se sentir pronta para voltar a empunhar o violão, bateu-lhe insegurança, medo de não conseguir: “Foi quando chegou o convite de Portugal. Dai disse pra mim: se vou parar de tocar violão, não vai ser desta vez. Voz e violão faço com naturalidade. Toquei em barzinho em Porto Alegre. Fiz diversas casas conhecidas, toquei em bares onde Lupicínio tocava, onde amigos dele ainda tocam. Você adquire experiência, mas uma coisa que não gostava era aquilo do pessoal querer ouvir a música exatamente como está no disco. As mesmas músicas, e você não pode criar. Cansei daquilo e fui para o Rio”.

Curiosamente, Olhos de onda é uma retomada ao começo da carreira, um recital de voz e violão, com um repertório que repassa os “melhores momentos”, da cantora, acrescido de composições de terceiros: “Mas o que foi bom nisso tudo, foi que ensaiando para o show em Lisboa, voltei a compor. Acabei compondo, por exemplo, olhos de onda, a canção de retomada, uma composição que aponta para frente. Voltei a cantar, que já havia feito no palco, em dois shows com Macalé, mas que continuava inédita em disco. Sendo assim era outra música que estava pronta há quatro anos, mas não se encaixava nos discos que eu gravava e permanecia inédita”, diz a cantora que usa no show um violão espanhol Ramirez, com uma particularidade: “O verniz não é espelhado uniforme sobre a madeira. É posto em ondas, então o som é como se fosse de um instrumento com um bojo maior, é um violão para flamenco”.

 

Aparentemente o show não mudou desde a estreia em Lisboa, há um ano. Porém os shows nunca são iguais, ressalta Adriana Calcanhotto: “A medida que você vai cantando a gente vai descobrindo as canções vão sendo descobertas, adquirindo novos significados, pedindo outra abordagem. Mas no geral, é um show curto, bem fluido. Com uma maioria de músicas conhecidas; Quando me chamaram para fazer em Portugal, decidi cantar canções que o pessoal gostaria de ouvir. No DVD tem três a mais, escolhidas no bis. Como é voz e violão o público grita pedindo suas preferidas. Muita gente grita e não ouço direito. Tem uma das músicas, que foi pedida por um homem. Aquele voz forte se sobressaiu, no bis, ele queria Seu”

No palco, Adriana traja-se com simplicidade e elegância. A câmera enfatiza o rosto expressivo, os movimentos nervosos nas mudanças de acorde. Alguns momentos quebram a rigidez do formato. Feito em Maldito rádio, canção que, ao contrário do que aponta o título, enaltece a importância do veiculo: “Aquela musica de repente irrompe, e você não ta querendo ouvi-la, mas ela continua a tocar mesmo assim. O rádio tem esta força. Adoro rádio, comecei a ouvir música no radio; Você escutava Fagner cantando Ferreira Gullar, Bethânia declamando Fernando Pessoa, era um veículo de alta poesia”.

Além de continuar com a turnê de Olhos onda, o recital com poemas musicados de Mário Sá Carneiro, Adriana aceitou convite para fazer Pedro o Lobo, de Prokofiev, com a Osesp, com quem também faz o Adriana Partimpim, uma seleção dos três discos realizados com seu alterego, que abre para ela a possibilidade de se apresentar pelo país com orquestras sinfônicas: E quero voltar ao Recife; Tenho prazer de tocar no Recife porque a plateia da cidade é impressionante. Meu amigo Marcelo Costa diz que depois de um show no Recife se sente como se tivesse marcado um gol de placa.

  

 

  

 

 

 

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