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Fundo de Quintal traz samba de raiz ao festival dos pagodeiros

SAmba Recife reúne os principais grupos do gênero no país

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 27/09/2014 às 9:07
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Assim como acontece nos grandes arraiais juninos, também nos festivais de samba, a produção reserva um palco para as atrações que permanecem fieis à tradição. No caso do megafestival Samba Recife, amanhã e domingo, área externa do Centro de Convenções, haverá dois palcos. Um deles foi destinado para os grupos de pagode, e por ali passará a maioria das atrações, como Molejo, Jeito Moleque, SPC, Revelação, ente várias outras atrações. O segundo, é o Palco Samba de Raiz, reservado para apena dois nomes: Jorge Aragão, e o grupo Fundo de Quintal. Jorge Aragão, um dos principais autores de samba em atividade é um ex-integrante do Fundo de Quintal, uma verdadeira escola de samba, pela qual passaram nomes como Arlindo Cruz, Sombrinha, e Almir Guineto.
Ubirany, um dos fundadores do Fundo de Quintal que, com o irmão Bira Presidente, ainda continua no grupo, não se incomoda em ser com o rótulo de tradicional, e diz aceitar sem problemas o grupos de pagodes, que cantam um samba híbrido, com temática invariavelmente romântica: “Acho bacana o que estes meninos fazem. As pessoas cantam samba das mais diversas formas, e tudo é válido, mas o Fundo de Quintal não abre mão do samba tradicional. Foi assim que influenciamos estes grupos todos. O SPC é um que tirou o nome de Só pra contrariar, uma música da gente”, comenta Ubirany. Porém a influência do Fundo de Quintal foi bem mais abrangente, atingindo intérpretes consagrados da MPB, feito Beth Carvalho, que foi buscar no Cacique de Ramos, presidido por Bira Presidente (é daí que vem seu apelido), sangue novo para o samba. O bloco Cacique de Ramos, criado em 1961, é uma das maiores fontes de compositores da história do samba. Foi criado por três famílias, de uma delas, a Nascimento, vêm Ubirany e Bira Presidente, fundadores do Fundo de Quintal.Dos muitos compositores do Cacique de Ramos veio a explosão do samba na segunda metade dos anos 70, com Beth Carvalho e Clara Nunes rivalizando-se nas paradas, e acrescentando diversos clássicos ao gênero.
Mas embora surgido num reduto da tradição do samba, o Fundo de Quintal não se apegou tanto assim aos tradicional assim. Foi responsável, nos anos 70, pela renovação do samba. Não apenas por sido berço de uma geração de compositores hoje consagrados, feito os citados Almir Guineto, Sereno, Sombrinha, Arlindo Cruz e o próprio Ubirany, como também por introduzir instrumentos até então não comuns ao gênero, a exemplo do repenique de mão, e o banjo, ideia de Almir Guineto. Embora Noecir, um dos fundadores, fosse filho de João da Baiana (1887/1974), um dos pais do samba (autor de Batuque na cozinha), o Fundo de Quintal destacou-se por um samba diferente, mais leve, bem humorado, próximo do que levou ao sucesso, no começo dos anos 70, os Originais do Samba, maneirando mais na batucada, e caprichando nos vocais de várias vozes. 
Da formação original do FQ permanecem Ubirany, Bira Presidente e Sereno: “As pessoas mudam a trajetória, mas continuam parceiras. Jorge Aragão, Arlindo Cruz, saíram do Fundo de Quintal, mas, quando é possível, a gente continua se encontrando para uma cervejinha, ou se cruza pelos aeroportos e festivais. Mario S Sérgio foi um que saiu, passou cinco anos fora, e voltou o ano passado”, diz Ubirany, garantindo que apesar das dezenas de grupos de pagode surgidos desde o começo dos anos 90, eles tem renovado público: “Temos feito uma média de 12 apresentações por mês, o que é muito bom, afinal não tem mais nenhum garoto no grupo , mesmo assim continuamos viajando muito. Quando cantamos os sucessos, como Boca sem dente, todo mundo faz coro junto com o grupo”.
O grupo está começando a arquitetar mais um disco de inéditas, o 31º do Fundo de Quintal, que lançou o ultimo álbum, Nossa verdade, em 2011: “Estamos começando as reuniões para seleção de repertório, para entrar em estúdio, e lançar o disco no ano que vem”, diz Ubirany, ressaltando que 2015 será um ano de agenda cheia para o Fundo de Quintal, que estará comemorando oficialmente as quatro décadas de carreira: “Vamos realizar uma coisa grandiosa para deixar devidamente registrado o legado do Fundo de Quintal, um kit com CD, DVD, e um livro contando a história do grupo”, conta Ubirany. Na apresentação de hoje, o grupo traz para o palco um pouco deste legado: “Quem for assistir ao show vai ter música do primeiro disco, até do álbum mais recente. Vamos repassar nos sambas a historia do do Fundo de Quintal”, promete.
PAGODE
No palco principal do Samba Recife, hoje e amanhã, se apresentam grupos e cantores que dividem com sertanejos as paradas do país desde os anos 90. Um deles, o Só Pra Contrariar, ou SPC, que traz, hoje, para o Centro e Convenções o show de 25 anos de carreira, com Alexandre Pires, um dos veteranos do pagode, voltando ao grupo depois de onze anos de carreira solo. Já Os Travessos, que toca no domingo, também volta para comemorar 20 anos de carreira, com sua formação original, trazendo de volta Rodriguinho. NO domingo, dois campeões de vendagens, ambos ex-Exaltasamba que partiram para carreira solo, mostram seus novos shows. Péricles, com o repertório do DVD Ao vivo nos arcos da Lapa, e Thiaguinho, que apresenta o show Outro dia, outra história.

Festival Samba Recife, amanhã(às 17h) e domingo 15h), no Centro de Convenções de PE, com Só Para Contrariar, Sorriso Maroto, Pixote, Revelação, Jeito Moleque, Nosso Sentimento, Turma do Pagode, Tá na Mente, Tiaguinho, Imaginassem, Mamãezinha, Belo, Péricles, Léo Santana, Os Travessos, Gustavo Lins, Na hora H, Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Grupo Clareou, Luizinho Nobre, Só na Morosidade, Amigos do Pagode 90, Karametade, Citrus Club e Long Neck. Ingressos: Ingressos: R$ 35 a R$ 170, Golden Stage: R$ 180 a R$ 220. Fone: 3441.9660;

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