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A história dos cartuns pernambucanos em documentário

Dividido em três episódios, o programa começa a ser exibido neste domingo (23/11) na TVU

Do JC Online
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Publicado em 23/11/2014 às 5:17
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Dividido em três episódios, o programa começa a ser exibido neste domingo (23/11) na TVU - FOTO: NE10
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Desde o começo da história das charges e dos quadrinhos brasileiros, Pernambuco é um dos protagonistas na arte. Ainda que Herman Lima, autor da História da caricatura brasileira, afirmasse que o marco inicial na área era um trabalho de Manoel de Araújo, do Rio Grande do Sul, em 1837, o jornal O Carcundão, do Recife, já trazia seis anos antes uma charge ironizando os monarquistas absolutistas. Partindo desse início pioneiro pouco celebrado, a série de documentários Traços pernambucanos faz um retrato de como se fez a nona arte no Estado até hoje.

Dividido em três capítulos, o programa começa a ser exibido neste domingo (23/11), às 20h, na TVU, continuando nos dois domingos seguintes, no mesmo horário. O projeto foi criado há três anos, pela jornalista Danielle Romani, responsável pelo argumento e o roteiro do programa. Para transformar a ideia em documentário, ela convidou o diretor Rafael Coelho, da Página 21, que se juntou ao diretor de fotografia Maurício Barini e ao produtor Adah Lisboa. Com recursos do Funcultura, a equipe gravou e editou o documentário, separado em programas de 20 minutos.

São entrevistados nos programas nomes como Miguel Falcão, Ronaldo Câmara (ambos cartunistas deste JC), Lailson, João Lin, Zenival, Samuca, Libório, Watson e Wilson Portela, Bione, Clériston, Cristiano Mascaro, Greg, Flavão, Jarbas e Ivan Maurício, além de vários outros. “Pernambuco tem uma história na ilustração, na pintura e no desenho muito forte. Embora não deem tanto destaque, isso acontece nos quadrinhos também, em todos os seus momentos”, destaca o diretor Rafael Coelho.

O primeiro programa destaca as charges, mostrando como são uma arte questionadora. “O humor é uma arte muito poderosa, porque o que o tirano mais teme é cair no ridículo. Então, se você faz com que a pessoa sorria, isso já diminui a força do opressor”, explica o cartunista Lailson no documentário. É por isso que, para Miguel, do JC, não se deve escolher um só ponto de vista político nas charges: “Eu não amacio nem para a direita, nem para a esquerda. Digamos que o meu partido seja o da charge”, destaca Miguel.

Ronaldo Câmara, colega de Miguel, diferencia no seu depoimento o que é uma charge e o que é uma ilustração. “Ilustrar uma matéria, pegar um briefing e transformar numa ilustração, é uma coisa. Fazer uma charge é outra coisa. Você está partindo de uma interpretação sua de um contexto do dia a dia, de algo conceitual, de uma interpretação sócio-política-econômica. Tem outro grau de complexidade – não é mais fácil e nem mais difícil”, defende.

Nos demais capítulos, estão histórias como a de Félix de Albuquerque, o Gato Félix; a da revista Ragu e a da presença massiva de pernambucanos nas fileiras da editora curitibana Grafipar, para ilustrar narrativas de faroeste e, depois, de cangaço. Os depoimentos fazem uma síntese dos quadrinhos locais, especialmente a partir dos anos 1970.

Esse cenário pernambucano, segundo Rafael, às vezes é mais conhecido e celebrado fora daqui. “Quando você vai numa loja especializada em HQ no Rio de Janeiro, São Paulo ou Minas, nota isso. É parecido com a época do Grafitar: esses nomes eram conhecidos aqui, mas recebiam mais atenção lá fora”, comenta o diretor.

Como o Funcultura sugere que a primeira exibição dos projetos aprovados seja em Pernambuco, o projeto fez uma parceria com a TVU. A programação de hoje celebra os 46 anos da emissora, que ainda vai passar o primeiro capítulo da série Olhar, de Camilo Cavalcante, às 20h30. A atração, já exibida no Canal Brasil, traz uma entrevista com Fernando Spencer.

“É muito legal trabalhar para TV, às vezes é melhor estrear algo para um público maior do que o de um festival”, conta Rafael. A Página 21 ainda produz outro projeto televisivo, o Simião remake, homenagem ao cineasta Simião Martiniano. Além de um documentário sobre o diretor, Rafael se uniu a Eduardo Monteiro e Antonio Carrilho para criar remakes das tramas de Simião. A previsão é que a estreia aconteça em março de 2015, também na TVU.
Por fim, a produtora quer circular também com o documentário Sagatio, histórias de cinema, sobre o iluminador João Carlos Sagatio, que participou de obras como O pagador de promessas e Baile perfumado.

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