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Mart'nália em um DVD feito para animar a festa

Cantora canta o velho e o novo samba, sob a batuta de Martinho daVila

Do JC Online
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Publicado em 09/12/2014 às 12:23
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Mart’nália é uma das artistas da MPB menos pretensiosa, mais da pelada sem compromisso, do que para o clássico valendo campeonato. Um dos motivos pelo qual ela não se entusiasmou muito em estender para mais distante a divulgação do seu último disco de estúdio, Não tente compreender (Biscoito Fino), álbum de canções pop e circunspectas, produzido por Djavan: “Além de não ser um disco de estrada, vieram a Copa, Eleição, e não dava para sair pro ai cantando músicas que as pessoas ainda não conheciam. Passou esta fase, e estava pretendendo fazer mais um trabalho só não me interessava uma coisa autoral, decidi que seria melhor descansar, por pura preguiça mesmo. mas aí começaram a fazer os ensaios abertos, foi mais ou menos aquela coisa de Caetano, obra em progresso, o Em samba foi isso, mais uma obra a que fui levada também pela preguiça de me envolver num projeto de inéditas”, comenta a cantora carioca, em papo por telefone.
Mart’nália refere-se ao DVD (e CD) Em samba! Ao vivo, o embrião veio dos ensaios abertos, na prática, sambões itinerantes com Mart’nália, e convidados, sem repertório fixo, enfatizando o samba, sem cronologia, divisas, temática, muito menos amarras estéticas. Mart’nália diz ter sido a intenção,a verdadeira música para churrasco, nem precisa ver o DVD: “É pra cantar junto. Quando gravei o DVD foi pensando que era hora de de me divertir. Para próximo projetos de estúdio, posso fazer até com sobras, tem muitas sobras de outros discos”. Em Samba! Ao vivo, até pelo título, não poderia deixar de ser um projeto de sambas, embora Mart’nália, filha de um monumento da MPB, nem por isso assumiu o samba como profissão de fé. Canta o que lhe apetece, neste caso doe caber num mesmo samba o verde-amarelíssimo Brasil pandeiro, de Assis Valente, com o pop americano Don’t worry (be happy), de Bob McFerrin.
Em samba, ou no samba, explica a cantora, é para evitar redundância, repetindo o Em África ao vivo (de 2011, registro de show em Angola), e Em Berlim (de 2006idem, Alemanha), e é o quarto trabalho ao vivo de Mart’nália que estreou no formato com Mart’nália ao vivo (2004, pela extinta gravadora Natasha). Em samba para ela estar mais em casa só se fosse em Vila Isabel. Além da produção de Martinho da Vila, a direção artística de Martinho Filho, a irmã Analimar, e  sobrinhos Dandara (backing vocal) e Raoni (percussão). Martinho diz que dirige o show transportando-se para a figura do espectador, dando os toques no desenvolvimento  do show como se estivesse na plateia. E no final ele sai da plateia para o palco, e aí o clima é de roda de samba, com pai e filha repassando sambas que habitam a memória do brasileiro mais averso à MPB, Casa de bamba,  Segure tudo, Nhem, nhem, Roda ciranda e Madalena do Jucú, fechando um show que passeia pelas mais diversas nuances do samba.
 Em Samba! Ao vivo Mart’nália não recria, não inventa, algumas composições já estão em trabalhos anteriores seus, como é o caso da reincidente Cabide (Ana Carolina), que frequenta o repertório de Menino do Rio (2005, disco de estúdio), Em Berlim ao vivo, e abre o Em África ao vivo, e a igualmente predileta Pé no meu samba (Caetano Veloso), lançada por ela em no CD homônimo de 2002, e repetida em Mart’nália ao vivo, e no Mart’nália em Berlim ao vivo: “Nos ensaios a gente ia tocando o que achasse legal tocar, mas quando foi para compor o repertório da gravação foram pintando as homenagens, Emílio Santiago, Dorival Caymmi, Chico Buarque são homenageados, e claro estão ali as minhas referências, e não poderiam faltar as músicas do meu pai”.
Nesta casa de bamba de Mart’nália cabe de Marcelo Camelo (Samba a dois), a Gordurinha e Almira Castilho (Chiclete com banana), com destaque para autores que quase sempre frequentam seus discos, Dona Ivone Lara, faz-se presente em duas faixas, Mas quem disse que eu e esqueço (com Hermínio Bello de Carvalho), e Acreditar (Décio Carvalho). A escolha recai de propósito em composições manjadas, com Quem te viu, quem te vê (Chico Buarque), Maracangalha (Dorival Caymmi), Volta por cima (Paulo Vanzolini), ou Saudosa maloca (Adoniran Barbosa), embora sambas, como Carol Clarisse (da dupla Benditos, ou Rodrigo Lampreia e Beto Landau). Nos extras do DVD, mais três músicas, que ela diz que pretendia incluir no show, sobraram na gravação, mas devem entrar na turnê do DVD. A autoral Chega, Sinto lhe dizer, inédita de Moska, e Tem juízo, mas não usa, de Lula Queiroga e Pedro Luis, que deu nome a um álbum do primeiro. Ainda nos extra, o making off do vídeo, que não ratifica a tranquilidade e espontaneidade de Mart’nália, fora e dentro do palco.

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