Caixa

Rita Lee ganha caixa com quase toda sua obra

Discografia que começa nos anos 70 e vai até a era da MTV

Do JC Online
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Publicado em 25/12/2015 às 10:12
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Discografia que começa nos anos 70 e vai até a era da MTV - FOTO: Foto: Divulgação
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Rita Lee ganha caixa com 21 discos, sendo um de raridades, com selo da Universal. Peca, como quase todas caixas lançadas no Brasil, pela ausência de um indispensável libreto com ensaio sobre a cantora ou análise sobre os álbuns, contextualizando com informações detalhadas cada um deles (não apenas a ficha técnica e letras). Mas já foi. O que está valendo é que a obra da cantora pode ser reavaliada ou conhecida em Rita Lee, a caixa. A nova geração do rock brasileiro ignora Rita Lee, embora adore os Mutantes e cultue a obra solo de Arnaldo Baptista. Isto evidentemente se deve ao fato de que este pessoal não cresceu ouvindo a cantora no rádio, nas trilhas de novela ou nas festas. E poucos a viram ao vivo. O que ainda toca no rádio é basicamente os hits dos anos 1980, boa parte trilha de novela. Por sua vez, seus discos solo enfatizam o pop. Não há quase zoeira nos álbuns, com a opção pela melodia e o bom humor.

O que os de vinte e poucos anos querem do anos 1970 é o sufoco, o desbunde, o desabafo que metaforiza o confronto à ditadura. A época das experimentações de estúdio ficaram nos anos 1960, com os Mutantes. Mas Rita Lee, nos anos 1970, continuava trafegando pelo udigrudi, embora com o astral lá nas nuvens, espalhando alegria, otimismo e fina ironia em plena ditadura militar. Mais um pecado da caixa, que poderia ir aos inéditos dos anos 1970, como a parceria com Lucia Turnbull na dupla As Cilibrinas do Eden, com músicos do futuro Tutti Frutti, disco arquivado pela então Polygram e lançado na europa em LP, com uma página no MySpace (leia matéria vinculada).

Ficaram poucos álbuns de fora desta coleção, que começa com Build Up, tentativa de criar, há 45 anos, uma estrela como o Brasil ainda não conhecia. A cantora ainda estava nos Mutantes e eles estão com ela num disco, que teve grandes empresas envolvidas, entre estas a Rhodia, forte na moda da época. Porém nem é exatamente Rita Lee nem Mutantes, ficou datado. Mas deu a Rita Lee o primeiro sucesso solo, José (versão de Nara Leão para Joseph, de Georges Moustaki). O álbum seguinte, também com os Mutantes, Este é o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida, é também na prática um disco do grupo (com a assinatura em cinco faixas de Élcio Decário, o parceiro esquecido do Mutantes), porém com mais forma do que conteúdo. Falta descontração e o grupo já ensaia lances de rock progressivo.

Defenestrada da banda, Rita Lee bota as garras pra fora a partir de Atrás do Porto Tem Uma Cidade. Torna­se a roqueira do brasil, band leader da Tutti Frutti, ainda trilhando os difíceis caminhos do udugridi. Esta fase vai até o final da década de 1970, fechada com o mega sucesso Chega Mais, com roupagem disco music. Neste período ela vai do alternativo (expressão que não se usava então), com uma badalada turnê com Gilberto Gil, Refestança, ao mainstream dos anos 1980, quando começou para valer a parceria com o marido Roberto Carlos, sua fase de maior sucesso popular, em que canta a maravilha da vida a dois, num paraíso de leite e mel ao som de um bolero.

Rita Lee (1980), renova o som da cantora, que vira uma fórmula que ela repete até 1985, com Rita e Roberto (1985), quando parece ter caído na real de que os sobrinhos tinham entrado em campo, a turma do rock anos 1980 dominando o mercado. Neste álbum de 1980, três mega hits Caso Sério, Baila Comigo e Lança Perfume. Saúde (1981), tem o impagável Banho de Espuma e Saúde, com Mamãe Natureza (Mother Nature), fechando o repertório, com participação de Lúcio Turnbull (com quem formou O Raio da Cilibrina, empreitada que não foi à frente). Apesar do BRrock "tia" Rita continuava agradando e fazendo sucesso. 

(leia matéria na íntegrana edição impressa do Jornal do Commercio)

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