"Durante muito tempo eu resistia, achava uma coisa meio óbvia lançar no mercado um show. Nem que achasse irrelevante, mas é que sempre achava que a banda tinha que tentar um conceito diferente de audiovisual. Que misturasse ficção, numa linguagem mais experimental. Porém, toda vez que pensava em alguma coisa, via que um cara lá na Inglaterra tinha lançado algo parecido ou uma banda estranha lá da Alemanha já havia feito", o comentário é de Fred Zeroquatro, da Mundo Livre S/A, que finalmente fez o primeiro DVD (com CD) Mangue Bit Ao Vivo (Coqueiro Verde/Zero Neutro). O lançamento é amanhã, com um show da banda e convidados, no Barchef em Casa Forte, a partir das 15h. O vídeo é um registro de show no Sesc Belenzinho, em São Paulo.
A intenção inicial era captar as imagens no Recife, para isso inscreveu o projeto no Funcultura, que não foi aprovado. Por conta desse revés, o grupo foi à luta e o viabilizou através da plataforma de crowdfunding Catarse, com contribuições de fãs das mais variadas regiões do País: "Felizmente está tendo uma resposta de procura pelo público. Está semana vai chegar na maioria das lojas. A primeira tiragem foi metade pra Coqueiro Verde. A outra a gente está vendendo nos shows, junto com camiseta e cartaz. Vai cobrir parte dos custos que não estão totalmente pagos". Fred enfatiza o apoio que o grupo recebeu do Sesc, com quem a Mundo Livre S/A tem uma história longa. "Acabou rolando uma primeira agenda, mas a parte de execução, equipamento e tal, não ficou pronta a tempo, não deu pra gravar. Porém, pelo sucesso que fez, rolou uma espécie de leilão de outras unidades do Sesc querendo a banda. Foi o cachê melhor que recebemos este ano e a gente abriu dele mão pra bancar parte do custo do DVD".
Uma dificuldade foi selecionar 20 músicas, número determinado pela produtora paranaense, dentro de uma carreira que já se encaminha para os 30 anos. "Uma característica da gente é que é difícil definir o conceito dos nossos discos em uma musica só. Tem deles com músicas em que pregamos linguagens quase opostas. Foi traumático, porque eu nunca vou me conformar de não incluir algumas faixas, feito Nega Ivete, de uma fase problemática da banda, a do Bêbado Groove", comenta Fred. Quando a banda foi finalmente gravar o vídeo, em abril de 2014, com as vinte canções já definidas, sacou uma que destoava do conceito: "De repente deu pau em uma das mesas com a gente já bem cansado para fazer de novo. Gravamos três shows no Sesc Belenzinho. Um na véspera, mas sem captar imagem. Dois no dia oficial. Um sem público e outro com público. Acabou ficando em 18 (faixas). Na verdade 17, porque Constelação C.a.r.i.n.h.o.c.a ficou de fundo, no final, quando sobem os créditos". Não gravar no Recife acaba acrescentando pontos a favor da Mundo Livre S/A, com a plateia muito mais entusiasmada do que a que eles teriam em sua própria cidade.
(leia materia na íntegra na edição impressa do JOrnal do Commercio)
