Fora dos Titãs há 24 anos, Arnaldo Antunes ainda escuta no meio de um show da turnê Já É, 12° disco solo, alguém da platéia pedindo música do ex-grupo. Sábado, no Teatro Guararapes, pediram O Pulso, do álbum Õ Blésk Blom (1989), em seguida à írica Vilarejo (parceria com Marisa Monte e Pedro Baby), acompanhada pelo acordeom do tecladista André Lima, que entrou na banda substituindo Marcelo Jeneci, cuja carreira solo engrenou, o que pode acontecer também com o guitarrista da banda, Chico Salem, com disco solo recém-lançado e elogiado.
O show começou enfileirando quatro músicas de Já É, com as quais os fãs ainda estão se familiarizando,, Poe Fé Que Já, Tenta, Antes, As Estrelas Cadentes (parceria com o pernambucano Ortton, que todos continuam chamando de Ortinho, inclusive Arnaldo). Concebido com influência da passagem de Arnaldo Antunes pela India, de férias, no ano passado, Já É tem a placidez de um rio tranquilo, na letras e em boa parte das canções. com metade do repertório do novo disco, entremeado por canções mais antigas, porém nem todas muito conhecidas, algumas que não cantava há tempos em shows, como Inclassificáveis.
O Cenário de Márcia Xavier reflete esta atmosfera meio zen, com móbiles espelhados, e efeitos de luz (de Anna Turra) ao contrário do show do disco anterior, à base deprojeções. Uma concepção que privilegia o despojamento no palco, enfatizando o artista, a banda e a música, o que parece ser uma tendência, quando o hig-tech virou ostentação de estrelas do sertanejo.
Aproximando-se do final do show, o rito acelera com os hits tribalistas Passa Em Casa, Velha Infância, adentrando pelo iê iê iê de A Casa É Sua. No bis, passeou pela plateia, que cantou em coro o sucesso radiofônico Socorro. Os que queriam Titãs não saíram carentes, entraram no set-list do show duas do grupo: Porrada (de Cabeça Dinossauro), mesclada com Cachimbo (do álbum solo Saiba), e Lugar Nenhum (de Jesus Não tem Dentes No País dos Banguelas).