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Rick Bonadio revela bastidores da indústria do disco

Ele descobriu Os Mamonas Assassinas e Charlie Brown Jr.

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 16/10/2016 às 9:19
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Ele descobriu Os Mamonas Assassinas e Charlie Brown Jr. - FOTO: foto: divulgação
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O paulista Rick Bonadio foi o último produtor e executivo bem-sucedido da era em que a grandes gravadoras dominavam o mercado do disco. Foi responsável direto pelo estouro de Mamonas Assassinas, Rouge, Charlie Brown Jr, Rouge, CPM22. Bonadio fez, assumidamente, uma opção pelo sucesso, indiferente a gênero musical: “Eu escolhi municiar minha alma e cérebro de qualidades musicais e elementos que fizeram sucesso. Eu escolhi ser produtor não artista. Tinha sentido o gosto do sucesso, e quando você passa por isso, não quer largar. Queria emocionar as pessoas com essa arte. Você pode emocionar uma pessoa. Pode emocionar mil. E pode emocionar um milhão. Obviamente prefiro emocionar um milhão”.


O comentário está no livro 30 Anos de Música (Seoman) assinado por Bonadio e o jornalista Luiz Cesar Pimentel. Um livro curto (159 páginas), mas recheado de declarações e afirmações polêmicas ou surpreendentes em cada página. O motivo de ter lançado a autobiografia é explicado por Rick Bonadio, em entrevista por telefone, de São Paulo, onde mora: “Muita gente me perguntava como eu tinha começado, me transformado em produtor. Nem eu mesmo sabia responder. Então resolvi escrever um livro também porque tem uma geração nova agora querendo trilhar este caminho, então o livro é para que os mais jovens, o pessoal que gosta de musica saibam como se pode chegar lá”.

 

Para se dedicar à música Bonadio teve que contrariar o pai, um comerciante italiano que pretendia que o filho seguisse sua profissão. Com dinheiro emprestado pela mãe montou o embrião do estúdio Midas. Rick Bonadio galgaria rapidamente os degraus da indústria fonográfica chegando ao topo, aos 27 anos, como presidente da gravadora Virgin no Brasil. Ele deixaria a multinacional para fundar sua própria empresa, a Arsenal Music, marcada por bandas de apelo teen, como NX Zero, Fresno, CPM 22, e ainda a Tihuana e Planta & Raiz.

 

UTOPIA

“Se pensar no universo de pessoas que querem seguir o caminho artístico, diria que de cada 1000, uns bons 50% definitivamente não nasceram para isso. Desses 500 que sobraram, uns 400 têm um potencial a se desenvolver e não dá para falar exatamente onde darão. Sobram 100 acima da média, e pelo menos 90 com potencial para serem bons cantores ou músicos. Ficamos com 10 com real potencial de fazerem sucesso de verdade”, Nestes cálculos de Rick Bonadio precisa acrescentar o fator sorte. Há artistas, mesmo talentosos, no grupo dos dez com potencial real, que não chegam lá.

 

O grupo paulista Utopia provavelmente não chegaria se Rick Bonadio não passasse em seu caminho. A banda fazia música séria, até que um dia, um dos integrantes adoeceu, e o vocalista perguntou se poderia usar o estúdio para gravar umas brincadeiras. Duas músicas demo resultaram da brincadeira, Pelado em Santos e Robcop Gay.

 

O grupo virou Mamonas Assassinas, e o resto é história, sem final feliz. Com a produção de Rick Bonadio, os MamonasAssassinas romperiam a barreira dos 3 milhões de discos vendidos, com uma turnê não menos milionária, que terminaria quando um avião que levava o grupo bateu na Serra da Cantareira, em São Paulo. Foi um golpe pesado, mas o produtor conta que aprendeu muito trabalhando com o Mamonas Assassinas.

 

Bonadio emite opiniões e tece comentários sobre os mais diversos temas relativos à indústria cultural, e não doura a pílula quando fala sobre relacionamento com radialistas, apresentadores de TV, temperamento de artistas, e o uso de drogas por eles, e a força da televisão. Apesar de tantas Discos de Ouro, Platina ou Diamante, prêmios Grammy, ele se tornou popular no Brasil como jurado do reality show Pop Star.

 

 FRASES

 

Globo - No Rio, você vai tomar um açaí, chega à casa de sucos e tem uma TV ligada na Globo; vai tomar uma cerveja em um bar, TV ligada na Globo; vai comer no Cervantes de madrugada, mais uma TV ligada na Globo. Ou seja, o Rio era um retrato da Globo ... O problema é que todas as gravadoras estavam instaladas no Rio de Janeiro, e o Brasil é muito mais que isso.

 

Cocaina – É a droga do palco e do hotel, após os shows. Raras bads não tem um histórico com o pó, de algum ou de vários integrantes. No estúdio, ela não é muito usada. Quando vão gravar o cardápio muda para maconha e skunk. Aí a marofa é sem fim.

 

Crítico – No começo da carreira me importava com as criticas, sofria muito por causa disso. Mas depois de alguns anos, quando você faz um disco e sabe que ele é bom, você vê o resultado das músicas, tocar , fazer sucesso, parei de me importar. A crítica tem muita coisa da opinião pessoal, muito mais do que uma visão isenta de qualquer preconceito. Deixou se relevante.

 

Intocável – Diretor Artístico era uma figura intocável... O cara era contratado justamente para ser acessível, ouvir bandas e descobrir talentos. Fiz o caminho inverso, fui para o Orkut e ficava aberto a quem quisesse falar e mostrar o trabalho

 

 

 

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