Foi há exatos 200 anos que o passo inicial – e impulsivo – para a Revolução de 1817 foi dado. José de Barros Lima, o Leão Coroado, com certeza não imaginava que o seu gesto de resistir à prisão e matar o seu comandante seria o início de uma revolta, e nem que aquele momento se tornaria uma das grandes referências da identidade de um Estado. A República pernambucana durou 75 dias, a maioria dos seus líderes foi executado depois. Ainda assim, ela foi vitoriosa de algum modo: o Brasil se tornaria independente pouco depois e o Estado continuaria sua busca por uma república.
Para ressaltar a importância da data, tem início hoje a série de comemorações e homenagens que vai celebrar o bicentenário da Revolução Pernambucana libertária, com solenidades no Palácio do Campos das Princesas, na Câmara de Vereadores do Recife, na Assembleia Legislativa e na Academia Pernambucana de Letras (APL). São ações pensadas, em sua maioria, por uma Comissão Organizadora criada em março de 2015 pelo governador Paulo Câmara e formada por representantes do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), do Museu da Cidade do Recife, da APL e de outras instituições do Estado.
PIONEIRISMO
“A Revolução de 1817 é uma marca fundamental do tão falado pioneirismo de Pernambuco”, ressalta o secretário executivo da Casa Civil, Marcelo Canuto, da Comissão do Bicentenário.
O Governo do Estado reservou R$ 2 milhões para toda a programação do bicentenário, que terá atividades até 2018, incluindo um monumento, que deve ser construído pela artista plástica Marianne Peretti, se as negociações forem concluídas. A obra – sem previsão de início ou término – ficaria próxima à Praça da República, compondo um mirante.
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Na verdade, várias das atividades previstas pela comissão estão ainda no campo do planejamento – a exposição que o Ministério da Cultura deve fazer sobre o tema é um exemplo. Muitas foram feitas em parceria com outras instituições, como a APL e a Grande Loja Maçônica de Pernambuco.
O início das celebrações ainda é tímido, com mais solenidades do que projetos que realmente engajem a população pernambucana. Talvez esse seja o momento mais propício para jogar luz na Revolução de 1817, que foi perseguida e apagada na período do Império Brasileiro e ainda hoje é pouco ressaltada, se comparada a uma Inconfidência Mineira (que nunca saiu do campo da conspiração). É esperar que não se perca a chance histórica.
VEJA A PROGRAMAÇÃO
UM 1817 COMO VOCÊ NUNCA VIU
Uma família real fujona, um padre-estagiário, um revolucionário que segue “de ônibus” da Cruz Cabugá para os States. Essas e outras ‘personagens’, acredite, ganharam vida nas pinceladas do chargista Miguel, com texto, roteiro e narração de Ingrid Cordeiro, para contar, em uma animação bem aos moldes do nosso tempo, como se sucedeu nossa pernambucaníssima revolução, dois séculos atrás.
“Foi aí que desembestou um monte de revolta no Brasil todinho e é claro que Pernambuco, o maior lugar que gosta de revolta que você respeita, não ia deixar assim barato”, narra a animação. O vídeo do NE10, com edição de Vladimir Barros, integra a produção do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação sobre a Revolução Pernambucana. Assista: