O ator Oscar Magrini participou nesta quarta-feira (5/4) do programa Encontro com Fátima (Globo) , no qual a apresentadora retomou o tema do assédio sexual, relembrando o recente caso das denúncias feitas pela figurinista Susllem Tonani contra o ator José Mayer. Desde então, uma frase específica dita pelo ator no programa tem sido criticada nas redes sociais: "A mulher tem que saber se colocar para não instigar o outro", disse Oscar Magrini, quando Fátima Bernardes fez uma intervenção: "Na verdade, é mais do que instigar, né Magrini? É o outro saber que tem que respeitar independente de como ela (a mulher) estiver".
"É o que eu falei. Minha liberdade termina quando começa a do outro. Você está muito bonita, mas o que me dá o direito de eu chegar em você e te tocar? Não, jamais", completou o ator.
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Oscar Magrini foi o segundo convidado a falar sobre o assunto. Primeiramente, Fátima Bernardes ouviu a atriz Joana Borges e a cantora Ludmilla. A apresentadora perguntou a Ludmilla se ela sentia que as mulheres têm sentido a necessidade de se unir. "Demais! Aconteceu um caso comigo que não foi de assédio, foi de racismo, e as mulheres vestiram a camisa de verdade e começaram a compartilhar, me deram o maior apoio. Eu me senti muito abraçada e eu sei que agora, se acontecer alguma coisa comigo, elas estão ali para me ajudar", afirmou Ludmilla.
Após a atriz Joana Borges concordar com a importância da união entre as mulheres, Fátima perguntou a Oscar Magrini se ele acreditava que, a partir de fatos como esse envolvendo José Mayer, os homens poderiam começar a refletir sobre o próprio comportamento. "Eu acho que não só aqui na Globo, mas em todos os lugares do mundo sempre existiu assédio. Quando a mulher é bonita ou deixa de ser, do cara, ou da própria mulher em cima do homem. Mas assim, minha liberdade termina quando começa a sua. Então, deve ter havido muito assédio, sim. Mas essa menina chegou, se pronunciou, tomaram-se medidas, a Globo veio pedir desculpa. O Zé (Mayer), um colega nosso, também, sabe o que aconteceu e se desculpou", iniciou Magrini.
"E acho que deve ter tido muita coisa, mas ninguém fala nada... Fica aquele medo: 'Pô, eu vou falar?! A pessoa é quem é'. Estou falando da Globo, estou falando de uma outra empresa grande, um diretor, um presidente, seja quem for. A corda sempre arrebenta do lado mais fraco, sempre é assim. Então foi ouvido o que aconteceu, tem uma posição como o movimento Mexeu com uma, mexeu com todas. As colegas de trabalho vestiram a camisa, fizeram uma voz. Então, quem sabe se toma providências. Gente, estamos em 2017 e não tem essa de assédio, todo mundo tem o direito de se colocar, de se impor. Não tem essa do homem chegar e fazer... O que é isso? É uma sociedade machista, fez-se tanto tempo lá atrás, mas não existe como chegar agora e eu não te respeitar porque você está mais ousada, de minissaia, e eu tenho que abusar, passar a mão ou falar alguma coisa. A mulher também, tem que saber se colocar para não instigar o outro".
Após a intervenção de Fátima, e a conclusão de Magrini, a conversa continuou com o poeta Fabrício Carpinejar. "Acredito que os maiores casos de assédio são essa violência que parece que a pessoa tem a obrigação de gostar de ti. E o homem, ele ainda não está pronto, o homem está sendo educado pelo medo ainda. Falta chegar a outro passo, que é o respeito. Ainda não existe o respeito, ainda tratam a mulher como objeto".