Zero hora e quinze minutos do dia 25 de agosto de 2017. Este foi o horário que o trio formado por Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte – pela ordem alfabética – colocou à disposição nas plataformas de streaming a íntegra do segundo disco dos Tribalistas, simultaneamente com os clipes de gravação feitos por Daniela Jobim. Num mundo pulverizado como o que nós vivemos, tudo foi cronometricamente pensado e articulado para que haja a maior repercussão possível – não apenas no Brasil, mas mundialmente.
Os 15 minutos fazem referência direta aos 15 anos de hiato desde o álbum de estreia, Tribalistas II tem dez músicas e foi gravado no Rio de Janeiro, entre 20 de março e 2 de abril deste ano, culminando um processo do criação coletiva realizado "durante as férias" dos três músicos. E reflete este clima descontraído, de alto astral, uma coisa abrindo o verão. Por outro lado, o seu lançamento foi tratado como quem volta à labuta e faz tudo de forma minimamente calculada e superprofissional. As quatro primeiras inéditas divulgadas, no dia 9 deste mês, foram: Diáspora, Aliança, Um Só e Fora da Memória. Somam-se agora Trabalivre, Baião do Mundo, Ânima, Feliz e Saudável, Lutar e Vencer e Os Peixinhos. A pegada acústica, com muitos violões e percussão, mais uma vez predomina tem todo o trabalho, assim como as vozes dobradas ora em duetos ora em tercetos. A capa do disco foi criada pelo artista Luiz Zerbini.
AS NOVAS MÚSICAS DOS TRIBALISTAS
Marisa Monte revela, em uma entrevista release feita pelo jornalista e compositor Nelson Mota, que não havia inicialmente um projeto de novo disco. Mas de dois encontros, no período de "férias" surgiram as músicas, de forma natural. Carlinhos Brown puxa a brasa para a sardinha do "ócio criativo" que a Bahia oferece. A turnê, no entanto, não é certa. "A gente tem muitos sonhos. Muitos sonhos, poucos prazos e poucos planos!", disconversa em uma entrevista de divulgação feita com o jornalista e compositor Nelson Mota.
O espírito de férias e liberdade se reflete em quase todo o disco. Tribalivre é uma celebração . Brown e Marisa mostram seus dotes musicais - ele no berimbau, ela na escaleta. Arnaldo assume a primeira voz, e conta a história de um cara que venceu na vida, que se virou, depois de dar muito duro, a cada dia da semana. No sábado, é um dia para si mesmo e o domingo"ele bota o pijama e deita lá na cama para não cansar". Na sexta expediente termina no bar e no sábado tem tempo "pra mim mesmo". Os outros dias são para se sustentar e cumprir com os compromissos.
Baião do Mundo canta a preocupação do trio com a natureza, em particular com a crise hídrica, tomando como ponto de partida a escassez que atingiu São Paulo, levando a população a vivenciar a falta d'água, com o pouco que tinha sendo extraído do volume morto das represas. A canção se inicia com vocalizes e um som de percussão acústica. "A chuva trouxe água para encher o pote", cantam. A música tem versos poucos inspirados como "dentro da água tem um espelho cheio d'água" e "água traga pra mim um pingo d'água". "Vem Cantareira canta na calha abre a torneira e chora", cantam em outro verso. Para Arnaldo Antunes, no entanto, Baião do Mundo "explora um poder celebrativo da água e do poder da natureza . "Vai água viva corre no leito do mar que te devora".
Ânima fala de uma outra dimensão sem início nem final, de despojamento total. Fala em cair numa placenta nos anos 60 no hemisfério ocidental, sem mala nem nada. "Eu só trouxe água", em mais uma referência a um dos temas constantes no disco. É uma forma hedonista de viver, sem o peso do mundo atual. "Para onde eu vou não levo casa, não levo nada", cantam num verso. "Não levo peso, só levo asas".
O rock Feliz e Saudável é daqueles para levantar a galera e botar todo mundo para dançar, com a letra brincando com expressões tipo: "Eu vou desapaixonar de vez". "Eu posso até me arrepender e até topar namorar com você" e "O coração às vezes aumenta a confusão, às vezes não, às vezes sim". A música termina com os três "fazendo o doido", com um "solo de risada" que até parece meio forçado, mas deve refletir o clima descontraído das gravações. É um contraponto à certa melancolia de Fora da Memória.
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Se em Diáspora os Tribalistas cantavam sobre o drama dos refugiados, em Lutar e Vencer tematiza as ocupações de escolas que ocorreu em São Paulo. Os jovens são "material humanos com potencial", "emergência de revolução". A música conclama: "Venha logo , não demore estamos esperando você. Venha a gente juntos somos fortes para lutar e vencer", diz o verso mais panfletário. "Estamos dando aulas de organização. Reformulando a sala, dormindo no chão. Não temos ídolos". O sentimento de coletividade também se faz presente em Um Só, uma das quatro músicas lançadas inicialmente.
Parceria com a cantora portuguesa Carminho, quase uma quarta tribalista - ou quinta, já que Dadi é um músico onipresente - Os Peixinhos abre com um violãozinho maroto, num arranjo que parece de música de brinquedo. É a mais singela de Tribalistas II, daquelas que as crianças vão adorar. "Os peixinhos são, flores caem no chão/ Nadam boiam, fazem bolhas e bolinhas de sabão/ Como lindos são, coloridos tão/ Espirrando gotas como notas na canção/ Aquarela colorindo a água".
Marisa Monte classificou o disco como tripolar. "Um é esse foco dos assuntos coletivos, das coisas que a gente está vivendo hoje e fazem parte do dia a dia e aparecem como um reflexo natural ali nas músicas. São as canções que falam desses assuntos mais políticos, mais cotidianos, do momento, crônicas do nosso mundo contemporâneo. E tem um outro lado que é mais existencial mesmo, que é Ânima, mais profundo, mais individual e reflexivo, como Fora da Memória. E o terceiro é o campo amoroso, que aparece em Aliança e Feliz e Saudável. Um campo que é uma questão na vida de todo mundo, que é coletivo também mas fica no meio do caminho entre o coletivo e o individual", ela explica a Nelson Motta.
DETALHES DO PRÉ-LANÇAMENTO
O Brasil – maior número de acessos.
Espanha, Estados Unidos, Argentina, Portugal, Itália, México, Chile, Reino Unido, e Colômbia – países onde as quatro primeiras músicas tiveram mais impacto
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Salvador, Recife e Porto Alegre – cidades de onde partiram o maior número de acessos.
Buenos Aires, Madrid, Santiago, Lisboa, Barcelona, Cidade do México, Montevidéu e Porto – cidades do exterior de onde as quatro primeiras músicas tiveram maior acesso
12 milhões de views foi o alcance dos quatro primeiros vídeos dirigidos por Dora Jobim, incluindo os lyric videos.
15 milhões de acesso – é o número contabilizado do hand álbum, ferramenta interativa exclusiva para celular criada especialmente para o lançamento do novo álbum