O Museu Nacional exibiu nesse domingo (16) uma pequena parte de seu acervo ao público na Quinta da Boa Vista, em tendas montadas em frente ao prédio centenário que foi parcialmente destruído por um grande incêndio há duas semanas. A exibição envolveu a chamada coleção didática, que antes do incêndio era usada em mostras itinerantes do museu e emprestada para escolas.
Essa foi a primeira vez que o Museu Nacional exibiu sua coleção didática ao público desde o incêndio ocorrido em 2 de setembro. Visitantes da Quinta da Boa Vista, parque municipal onde se localiza o museu, tiveram a oportunidade de ver e tocar em animais empalhados, ossos de animais, amostras de rochas e insetos.
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“Nosso objetivo é estar aqui todo domingo e manter essa relação com a população, em permanente contato com o público que frequenta a Quinta da Boa Vista”, disse a educadora museal Andrea Costa.
Aline Souza, que mora perto da Quinta da Boa Vista, aproveitou a exibição para mostrar as peças ao filho de 5 anos, que não teve a oportunidade de conhecer o museu antes do incêndio. “Meu filho chorou quando soube do incêndio, porque ele nunca tinha vindo no museu. E a gente mora aqui do lado, deixou o museu queimar para depois vir”, lamentou.
“O Museu Nacional está vivo e, dentro das circunstâncias que vivemos, estamos nos adaptando para mostrar à população o que estamos fazendo e trazer a população para junto da instituição neste momento tão difícil”, disse o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner. Ele informou que pretende instalar um contêiner em frente ao prédio para dar informações à população sobre a reconstrução da instituição.
Recuperação do museu
Alexander Kellner afirmou também é preciso esperar a conclusão da estabilização estrutural do edifício atingido pelas chamas no último dia 2 para iniciar o trabalho de resgate do acervo que ainda está dentro do prédio. A garantia da estabilização das estruturas é importante também para que a Polícia Federal conclua sua perícia, segundo Kellner.
“Ainda tem acervo lá dentro que a gente não sabe como está. Mas estou com grandes esperanças [de encontrar itens não afetados pela tragédia]”, afirmou o diretor. Ele espera que ainda seja possível incluir uma emenda parlamentar para o Museu Nacional no Orçamento da União de 2019. “Para que haja uma quantia vultosa e a gente possa reerguer pelo menos a parte estrutural, que a gente consiga fazer aquelas primeiras obras, como o teto permanente, tubos, cabos, enfim tudo aquilo que um prédio precisa”, disse. Segundo o diretor, museus e governos de outros países têm entrado em contato com o Museu Nacional para oferecer ajuda. “O que a gente pede enquanto museu é: não nos deem dinheiro, nos deem acervos. Só que nós temos que merecer esse acervo, ter as condições não só dignas mas excepcionais para cuidar desse acervo e nunca mais uma tragédia dessa aconteça”, disse.