Tudo começou com uma simples "brincadeira", típica das efemeridades difundidas através da internet. A pegadinha sugeria que mulheres pedissem, através do aplicativo de mensagens Whatsapp, a opinião de seus namorados, maridos ou parceiros sobre um vestido justo e decotado que supostamente gostariam de comprar. Depois, deveriam compartilhar as reações num grupo do mesmo aplicativo. A intenção era descobrir possíveis comportamentos machistas das pessoas conhecidas.
Os “resultados” do teste passaram as ser replicados em grande número no último sábado (14), ganhando repercussão pelas várias respostas agressivas e ameaçadoras recebidas por muitas das participantes. Em uma das imagens, reproduzindo uma conversa, uma moça afirma que vai comprar a peça de roupa, ao que o rapaz responde: “vou dar um soco na sua cara”. Um outro diz: “compra pra ver o que acontece”.
Reveladas a partir de uma lógica que já pressupõe machismo – a de as mulheres precisarem pedir autorização aos homens para vestir ou não determinada roupa - as reações desproporcionais provocaram debate sobre a importância de as mulheres ficarem atentas aos detalhes de comportamento de seus parceiros.
Em páginas de cunho feminista e pró LGBT, internautas compartilharam revolta com a situação. “A moral da história desse vestido não é ele ser vulgar. A moral é que a mulher não é propriedade de ninguém muito menos do homem. Óbvio que poucas mulheres teriam coragem de usá-lo seja por desconforto ou personalidade. Mas vale lembrar que se um cara te ameaça de morte por causa de um vestido, ele não é um bom namorado nem uma boa pessoa”, escreveu um deles.
Reações positivas e de respeito à autonomia feminina foram comemoradas, como a de um pai em resposta à filha: “O rapaz que eu estou ficando disse que não vai sair comigo com esse vestido”, diz a garota. O pai, então, responde: “não mude de vestido, mude de namorado”.
VAGÃO ROSA
Com o objetivo de dar mais seguranças as usuárias do sistema e proteger contra assédios sexuais, o Metrô do Recife passa a ter, a partir desta segunda-feira (16), vagões exclusivos para mulheres, os "vagões rosas", em horários de pico. A primeira linha a receber o vagão será a que faz o trajeto entre o Centro do Recife e a cidade de Camaragibe, na Região Metropolitana.
O primeiro vagão feminino entrará em atividades em fase de testes, a partir das 16h30. Ele vai funcionar em dois horários de pico: pela manhã, das 5h30 até as 9h, e pela tarde, das 16h30 até às 19h30. Todos os vagões terão um segurança do metrô que fará o controle do acesso. Crianças do sexo masculino de até 10 anos poderão utilizar os espaços reservados ao lado das acompanhantes.
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