Em entrevista à Rádio Jornal, em razão de sua palestra "Felicidade a qualquer custo", realizada hoje no Teatro RioMar, o filósofo e professor Luiz Felipe Pondé falou sobre os ânimos neste período pós-eleição, além dos debates sobre possíveis "doutrinações" no ensino brasileiro.
Para o acadêmico de 59 anos, os jovens estão sofrendo trauma pós-Bolsonaro, por serem uma geração com diversas problemas de ansiedade e insegurança, estão saindo do governo do PT, que segundo ele, fazia um discurso supostamente acolhedor a todo tipo de fantasias que têm. "A fala de Bolsonaro é uma fala mais de direita e as falas da direita tendem a ser, muitas vezes, dura do ponto de vista das fantasias. Vai ser bom, em um certo sentido, para esses jovens um choque de maturidade e entender que o mundo não é o PT", afirma.
Ainda debatendo sobre as questões da juventude, o professor entrou na questão do projeto "Escola Sem Partido" e a convocação feita pela professora e deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo para filmarem professores que fizessem "doutrinação" dentro de sala de aula. Para Pondé, a lei não é a ferramenta ideal para combater a prática da doutrinação, que, em suas palavras realmente existe. "Não sou simpático a lei, sou simpático ao barulho que a lei está fazendo", pontua.
Para ele, a lei pode dar abertura para excessos, mesmo que tema seja verdadeiros, seja nas escolas ou nas universidades. "Eles não só pregam, montam colegiados de lobby, que atrapalha a carreira de aluno em mestrados e doutorados, dificultando aprovação de bolsas. "A universidade está longe de ser um espaço onde as pessoas bateriam no peito e diriam 'eu sou ético'".
O uso dos celulares como ferramenta nessa vigilância é classificado como gerador de um ambiente de falta de confiança na sala de aula. Ele compara a convocatória da professora com o veículo de comunicação Mídia Ninja, ao usarem celulares para filmarem manifestações em 2013. "Seja no Mídia Ninja, seja na professora ninja, eu acho que as duas formas podem produzir um ambiente de instabilidade institucional", ressalta.
Sobre a felicidade no cenário atual, ainda muito ligado ao mundo político, os eleitores de Bolsonaro possuem uma felicidade relativizada, pois há o medo de que o governo não dê certo, pela pouca experiência do presidente eleito com o Poder Executivo e a resistência encontrada por parte da população. "Para você ser feliz, você tem que relaxar, a felicidade é uma forma de relaxamento. Como a polarização e a contínua polarização vai continuar existindo, essa tensão não vai acabar, é como se você tivesse que ficar de guarda o tempo todo", explica.
Serviço
Palestra Felicidade a qualquer custo, de Luiz Felipe Pondé
Nesta quarta (7), às 20h30, no Teatro RioMar (Av. República do Líbano, 251, 4º piso – RioMar Shopping)
Ingressos:
Plateia: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)
Balcão: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia), à venda na Ticketfolia (quiosques nos shoppings Recife e Guararapes; estandes nas lojas Riachuelo dos shoppings RioMar, Boa Vista e Tacaruna), na bilheteria do Teatro Guararapes e no site Eventim. Ponto de venda sem taxa de conveniência: Teatro Guararapes.
Informações: (81) 3182.8020