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Banco Central Europeu começa injeção de dinheiro para reativar economia da zona do euro

O banco central da zona do euro gastará mensalmente cerca de 60 bilhões de euros até setembro de 2016, ou seja, mais de 1,14 trilhão de euros, na compra, principalmente, da dívida soberana de seus países-membros

Da AFP
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Publicado em 09/03/2015 às 15:55
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
O banco central da zona do euro gastará mensalmente cerca de 60 bilhões de euros até setembro de 2016, ou seja, mais de 1,14 trilhão de euros, na compra, principalmente, da dívida soberana de seus países-membros - FOTO: Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta segunda-feira ter iniciado a compra maciça de dívida pública nos mercados, no âmbito do programa destinado a reativar a economia da zona do euro.

"O BCE e os bancos centrais do Eurosistema iniciaram, como foi anunciado, as compras no âmbito do programa de compra de dívidas do setor público", anunciou a instituição monetária de Frankfurt na rede social Twitter.

O banco central da zona do euro gastará mensalmente cerca de 60 bilhões de euros até setembro de 2016, ou seja, mais de 1,14 trilhão de euros, na compra, principalmente, da dívida soberana de seus países-membros.

Para Frédérik Ducrozet, economista do Crédit Agricole CIB, conhecido como "expansão quantitativa" ou "QE", na sigla em inglês, o programa já tem consequências na economia real e no euro e continuará tendo, já que as taxas cobradas pelos bancos de empresas e particulares estão baixando".

"O simples anúncio já se faz sentir", disse na quinta-feira o presidente do BCE, Mario Draghi, que destacou a melhora das condições de crédito na zona do euro.

"Os governos europeus têm que se concentrar nas formas de estimular o crescimento, as reformas do mercado de trabalho, a consolidação dos orçamentos", disse o secretário de Estado Parlamentar do Ministério das Finanças da  Alemanha, Steffen Kampeter, à rádio pública alemã Deutschlandfunk.

"O início do programa não deve amplificar a tendência que já conhecemos nos mercados, visto que os investidores já se anteciparam, no entanto, representa uma mudança histórica da política monetária do BCE", avalia John Plassard, da Mirabaud Securities. 

Os bancos centrais nacionais - como o Bundesbank, o Banco de Espanha e outros - serão os principais executores, realizando 92% das compras.

Contactado pela AFP, um porta-voz do Bundesbank também confirmou que as equipes do banco central alemão estão "ativas nos mercados desde as 09h25 (05h25 de Brasília)".

Desde o segundo semestre do ano passado, os bancos centrais já compram a dívida privada. A novidade nesta segunda-feira é a compra massiva de títulos da dívida emitidos pelos Estados da zona do euro que se realizarão apenas no mercado secundário da dívida.

 

Risco de indigestão

Neste mercado, os efeitos do ambicioso QE são sentidos há semanas.

O rendimento, que avalia em sentido inverso a demanda, caiu recentemente a mínimos históricos. Alguns, inclusive, estão em terreno negativo, o que significa que os investidores estão dispostos a pagar para investir nesses títulos considerados muito seguros.

"A Alemanha é de longe o principal beneficiário desse programa", opina René Defossez, analista da Natixis.

O rendimento do bônus alemão a 10 anos se situava em 0,343% nesta segunda-feira pela manhã, após fechar na sexta-feira em 0,393%, e as taxas dos títulos de até seis anos eram negativos.

Os juros dos créditos do país eram de 0,283% no final de fevereiro.

Como as novas emissões serão limitadas, haverá uma demanda massiva da dívida alemã. A debilidade da oferta e a abundância da demanda se traduz mecanicamente em uma alta de preços e em uma queda do rendimento.

"O BCE compra até 20 vezes a mais do que é emitido em termos líquidos na Alemanha", diz Ducrozet, que alerta para o "risco de indigestão no curto prazo".

O BCE, contudo, prometeu fazer tudo o que está ao seu alcance para que as compras sejam "neutras no mercado", isto é, para que não levem a variações erráticas dos preços.

"Na manhã desta segunda-feira, não se viu uma reação espetacular em relação aos juros dos bônus dos países do sul da Europa, já que os investidores anteciparam muito o  programa e continuavam à espera de detalhes", disse Ducrozet. 

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