O Fundo Monetário Internacional (FMI) cortou novamente a previsão de crescimento mundial para este ano e o próximo, de acordo com o documento "Panorama Econômico Global" divulgado nesta terça-feira (6), em Lima. A previsão é que os países cresçam em média 3,1% em 2015 e 3,6% em 2016, ambos com redução de 0,2 ponto porcentual em relação às estimativas anteriores da instituição, que foram divulgadas em julho.
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"Seis anos após a economia mundial emergir da recessão mais ampla e profunda do pós-guerra, um retorno a uma expansão global mais robusta e sincronizada ainda permanece difícil", afirma o novo economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld. "O crescimento mundial deve permanecer moderado e desigual", disse ele em uma entrevista à imprensa nesta terça-feira para comentar o relatório.
O relatório chama atenção principalmente para a desaceleração do crescimento dos emergentes, incluindo de grandes economias, como Brasil e Rússia. Este ano deve ser o quinto período consecutivo de desaceleração do ritmo de expansão do PIB destes mercados. O FMI cita alguns fatores que explicam este quadro, incluindo a piora da atividade em países exportadores de petróleo, desaceleração da China, queda dos preços das commodities e questões internas de alguns mercados.
Já os países desenvolvidos devem ter uma "aceleração modesta" do crescimento este ano, refletindo, entre outros fatores, a queda do preço do petróleo e política monetária de juros baixos. Depois de crescerem 1,8% no ano passado, a expansão deve ser de 2% em 2015 e 2,2% no ano que vem.
No primeiro mundo, a zona do euro teve as previsões de expansão mantidas para 2015, em 1,5%. Em 2016, houve redução apenas de 0,1 ponto, para 1,6% na comparação com as estimativas de julho. O Japão, depois de encolher 0,1% no ano passado, deve voltar a ter expansão este ano, de 0,6%. Os números para o país asiático, porém, foram reduzidos em relação ao documento de julho.
Já os Estados Unidos teve projeção melhorada para 2015, de 2,5% do relatório de julho para 2,6%. No ano que vem, houve corte, de 3% para 2,8%.
Nos emergentes, a Índia deve ser o destaque, com expansão de 7,3% este ano, ainda assim 0,2 ponto porcentual menor que o previsto em julho. Já as projeções para a China foram mantidas em 6,8% este ano e 6,3% no próximo.
Dois rios
"A economia mundial parece estar no meio de dois rios. Um é o rebalanceamento da economia da China e o outro é normalização da política monetária dos Estados Unidos. Quando dois rios se encontram você pode ter águas turbulentas", afirma Obstfeld em um vídeo distribuído à imprensa.
A própria mudança do país asiático tem afetado os preços das commodities no mercado internacional, prejudicando alguns países, incluindo os da América Latina. "A demanda por commodities dentro da China caiu", disse o economista-chefe do FMI.