As principais praças financeiras do mundo reagiram com fortes altas nesta segunda-feira à passagem do candidato centrista pró-europeu Emmanuel Macron ao segundo turno das eleições presidenciais francesas à frente da ultra-direitista Marine Le Pen. A bolsa de Paris chegou a ter seu melhor resultado desde 2008 ao se afastar do medo a um confronto entre a extrema direita e a extrema esquerda.
Leia Também
- Hollande expõe voto em Macron e diz que Le Pen seria risco para França
- Votação para presidente da França no Recife diverge de resultado final
- Wall Street abre em alta após 1º turno na França
- Extrema-direita chega ao segundo turno graças à França periférica
- Eleições na França: conheça os programas de Macron e Le Pen
Macron disputará a Presidência com a nacionalista e anti-europeia Marine Le Pen no dia 7 de maio.
Pelo ótica dos mercados "pode-se dizer que os franceses deixaram o mundo inteiro satisfeito", disse à AFP Sam Stovall, analista da CFRA em Nova York.
"A Bolsa considera que a hipoteca política já está saldada. A prima de risco que pesava sobre as ações diminui", disse à AFP Daniel Larrouturou, diretor-geral delegado da Diamant Bleu Gestion. Os resultados das eleições de domingo levaram otimismo aos mercados. "É a expressão de um alívio, já que agora percebe como ínfimo o risco de ver um candidato antieuropeu ganhar a eleição", resumiu à AFP Isabelle Mateos y Lago, diretora-geral da BlackRock Investment Institute.
Com 24,01% dos votos, Macron empreende esta segunda fase da eleição presidencial como favorito frente a Le Pen, que obteve 21,30% dos votos.
A Bolsa de Paris fechou com alta de 4,14%, após atingir as 5.295,20 unidades durante a sessão. Esse foi o seu nível mais alto desde 15 de janeiro de 2008, justo antes da crise financeira. Em Frankfurt, o índice Dax fechou com um nível recorde de 12.454,98 unidades, em alta de 3,37%.
A Bolsa de Milão teve alta de 4,77%, fechando com 20.684 unidades. O Ibex-35 de Madri fechou com alta de 3,76%, a 10.766,8 unidades, e Londres subiu 2,11%, com FTSE-100, em 7.264,68 unidades.
Do outro lado do Atlântico, Wall Street fechou com o índice Nasdaq com alta de 1,24% e chegou ao recorde 5.983,82 unidades. O Dow Jones subiu 1,05% e o S&P 500 1,08%. O euro subiu diante do dólar. Fechou a 1,0867 o dólar contra 1,0726 de sexta-feira.
O setor financeiro impulsionou altas. Os franceses Société Générale, BNP Paribas, Credit Agricole e Natixis ganharam mais de 7%. O britânico Barclays, o italiano UniCredit ou o alemão Deutsche Bank também registraram fortes altas. Em Wall Street, o Bank of America, o Goldman Sachs e o JPMorgan subiram cerca de 3% cada um.
A dívida francesa, novamente atraente
No mercado da dívida, a taxa de juros francesa a 10 anos se distendeu, para cair a 0,831%. Assim que começaram as operações, a mesma havia caído a 0,825%, seu nível mais baixo desde meados de janeiro. Ainda mais significativo, o 'spread' com os títulos alemães, utilizado como referência, ficou menor, abaixo dos 50 pontos base, contra 67 pontos em 21 de abril, sinal de que a dívida francesa volta a ser atraente.
Antes da abertura dos mercados europeus, a Ásia já havia tido alta de 1,37%, enquanto as outras praças da região registravam altas. "Consideram que Emmanuel Macron, de 39 anos, será o próximo presidente da República em duas semanas", afirmou em nota Ray Attrill, do National Australia Bank.
As pesquisas dão a Macron 60% de intenção de voto em 7 de maio. Apesar de os mercados celebrarem o primeiro turno da eleição com um "importante golpe" às formações "antieuropeias", "seria um erro para os políticos pensar que os problemas da França estão resolvidos", afirmou Michael Hewson, analista da CMC Markets.
"Quando a euforia diminuir, a próxima pergunta deverá se concentrar sobre a capacidade de Emmanuel Macron em cumprir com suas promessas de campanha", acrescentou.
Na mira dos mercados estão agora as eleições legislativas de 11 e 18 de junho, que darão uma ideia do apoio com o qual poderá contar o jovem centrista, que se lançou na corrida à presidência sem o apoio de um dos partidos históricos da França.
"No longo prazo "a pergunta (...) é que capacidade Emmanuel Macron tem de formar uma maioria parlamentar estável" que o apoie, advertem analistas do Saxo Banque.