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Estados Unidos, México e Canadá concluíram neste domingo (20), em Washington, a primeira rodada de debates para modernizar o Nafta, o tratado de livre comércio que há 23 anos aboliu as fronteiras comerciais, comprometidos em conseguir um "resultado ambicioso" em negociações em "ritmo rápido".
"O alcance e o volume das propostas durante a primeira rodada de negociação refletem um compromisso dos três países com um resultado ambicioso e reafirma a importância de modernizar as normas que regem a maior zona de livre comércio do mundo", destacaram em um comunicado.
Desde a quarta-feira, "mais de duas dúzias de temas" foram postos na mesa, indicou o texto conjunto, que não detalhou o conteúdo da discussão, mas destacou a necessidade de avançar com rapidez.
"Canadá, México e Estados Unidos estão comprometidos com um processo de negociação acelerado e amplo que melhorará nosso acordo e estabelecerá padrões do século XXI em benefício dos nossos cidadãos", afirmaram.
Vigente desde 1994, o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês) abrange quase 500 milhões de pessoas e representa um quarto da economia mundial.
Segundo o anunciado, as equipes chefiadas por John Melle (Estados Unidos), Kenneth Smith (México) e Steve Verheul (Canadá) começaram a avançar um texto e acordaram apresentar "comentários adicionais ou propostas alternativas" nas próximas duas semanas, após consultas em nível nacional com empresários, sindicatos e representantes da sociedade civil.
A segunda rodada de conversações está prevista para 1 a 5 de setembro no México, com uma terceira no Canadá no final de setembro, uma quarta em outubro, novamente nos Estados Unidos, e "adicionais planejadas para o restante do ano".
"As negociações continuarão neste ritmo rápido", indicou o texto conjunto.
"Um processo difícil"
Embora ao lançar os debates os três países tenham coincidido no imperativo de renovar a Nafta, desenhado antes do auge do comércio eletrônico, a renegociação iniciada a pedido do presidente americano, Donald Trump, se antecipa complexa, em particular por sua agenda protecionista.
"A questão é como revitalizar o Nafta para fortalecer a posição competitiva da região e integrar os que ficaram para trás nos benefícios da globalização?", perguntou-se na semana passada Luz María de la Mora, especialista em comércio internacional, em uma conferência organizada pelo centro de análise Wilson Center.
Crucial para a economia mexicana, que com o Nafta multiplicou exponencialmente suas vendas aos Estados Unidos, o pacto havia sido duramente questionado por Trump, que ameaçou abandoná-lo por considerá-lo um "desastre" para os interesses americanos.
Washington questiona o déficit de sua balança comercial com o México, que desde 1994 passou de um excedente de 1,3 bilhão de dólares a um déficit 64 bilhões de dólares. Além disso, critica a perda de empregos pela instalação de fábricas em território mexicano pela mão de obra barata.
O representante de Comércio exterior dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, advertiu na quarta-feira que o Nafta requeria mudanças de fundo e não meros retoques cosméticos, depois de ter "falhado" a muitos americanos.
"As opiniões do presidente sobre o Nafta - que compartilho por completo - são bem conhecidas. Quero deixar claro que ele não está interessado em um mero ajuste de algumas disposições, e uns poucos capítulos atualizados", disse.
Em contraste, em um tom mais conciliador, seus contrapartes destacaram os benefícios do pacto.
Para a ministra das Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, que defendeu um tratado "mais progressista" em termos de gênero, meio ambiente e proteção dos aborígines, a renegociação é "histórica"
Sem deixar de reconhecer que o Nafta está "à prova", o secretário de Economia do México, Ildefonso Guajardo, mostrou-se otimista.
"Pode ser um processo difícil, mas estou convencido de que os benefícios que poderemos obter para nossos países justificam este e qualquer esforço", disse.
Entre os temas principais das negociações, além do desbalanço comercial e os padrões trabalhistas, está o das regras de solução de controvérsias, especialmente sensível para o Canadá por discrepâncias com os Estados Unidos pelo setor da madeira, e a espinhosa discussão sobre as normas de origem.