TENSÕES

G20: 'Tensões econômicas' colocam crescimento mundial em risco

O termo 'tensões econômicas' foi usado em referência as tarifas dos EUA e a superprodução de aço da China

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Publicado em 20/03/2018 às 14:08
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O termo 'tensões econômicas' foi usado em referência as tarifas dos EUA e a superprodução de aço da China - FOTO: Foto: AFP
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Sem ânimo para condenar abertamente as tarifas alfandegárias anunciadas pelo presidente americano Donald Trump, ou a superprodução de aço da China, os ministros das Finanças do G20 se preparam para reconhecer que "as tensões econômicas" representam um risco para o crescimento mundial.

O comunicado que deve ser aprovado nesta terça-feira (20), ao fim de uma reunião de dois dias em Buenos Aires, reconhece que o crescimento mundial enfrenta riscos, entre eles "as tensões econômicas e geopolíticas", disseram à AFP fontes próximas à negociação.

Fruto de longas discussões entre os ministros, a frase apresenta a vantagem de evocar - sem mencioná-las - as tensões deflagradas pelas novas tarifas dos Estados Unidos e pela superprodução da China, o que G20 critica há anos, denunciando que satura o mercado com aço barato.

O encontro de Buenos Aires, o primeiro sob a Presidência da Argentina, acontece a apenas três dias para a entrada em vigor de novas tarifas dos Estados Unidos, que taxarão com 25% as importações de aço e com 10% as de alumínio, o que gera temores de guerra comercial.

Em um momento em que a União Europeia e outros países como a Argentina multiplicam esforços diplomáticos para conseguir uma isenção de tarifas e evitar uma guerra comercial, a reunião do G20 se propõe a lembrar que a solução deve ser multilateral.

"A UE não deseja uma escalada comercial, não deseja uma guerra comercial. Mas está pronta para reagir, embora a gente favoreça uma posição diálogo", disse à AFP o comissário europeu Pierre Moscovici.

"Nossas respostas estão prontas", acrescentou Moscovici.

Tensões fiscais

Outro assunto que causa tensão entre Estados Unidos e Europa é a proposta para taxar as grandes empresas digitais, como Google, Amazon, Facebook e Twitter, cujas práticas de otimização fiscal são questionadas com frequência.

Moscovici aproveitou sua viagem a Buenos Aires para dar uma mensagem de tranquilidade aos Estados Unidos com sua intervenção nesta terça-feira diante da reunião do G20.

Na quarta-feira (21), ele estará de volta em Bruxelas para apresentar seu projeto de taxação das companhias digitais.

"Não se trata em nada de medidas de represália nem de medidas antiamericanas", afirmou, garantindo que a proposta de imposto abarca todas as grandes companhias digitais, independentemente de sua nacionalidade.

Para os ministros das Finanças, será mais simples concordar com o tema do bitcoin, um assunto levantado pela Alemanha e pela França.

De acordo com um relatório apresentado para a reunião do G20, o Conselho de Estabilidade Financeira considerou que as moedas virtuais não representam um risco para a estabilidade mundial, embora a situação possa mudar, caso esses instrumentos se integrem mais ao sistema financeiro.

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