A corrida cambial se acentuou na Argentina nesta segunda-feira (14), quando o peso caiu 6,16%, a 25,50 por dólar, na abertura das operações.
A queda em relação à moeda americana é registrada na véspera da "Super terça-feira", dia em que expiram cerca de 650 bilhões de pesos em Cartas do Banco Central (Lebacs), equivalente a cerca de 25 bilhões de dólares.
A desvalorização acumulada em 45 dias é de 19%, uma das maiores da última década e não pôde ser contida, apesar da venda de reservas e da elevação das taxas em até 40% para defender a moeda.
A crise teve início quando os investidores financeiros de curto prazo começaram a liquidar suas Lebacs e fugir para o dólar, em meio à crise de confiança deflagrada depois que o governo Mauricio Macri suspendeu suas emissões da dívida no mercado internacional.
O governo acredita que, na terça-feira, a autoridade monetária consiga controlar em parte a fuga, se bancos e entidades oficiais renovarem suas Lebacs.
Analistas estimam que se oferecerá uma taxa de 50% para que os investidores permaneçam em moeda nacional e não se voltem para o dólar.
O BCRA e as consultorias privadas calculam que a fuga de capitais ficou em cerca de 35 bilhões de dólares em 2017, por poupança de divisas fora do sistema bancário, gastos com turismo, saída de fundos de investimentos do país, pagamentos de juros da dívida e déficit comercial.
Macri recebeu o apoio político da diretora-gerente do Fundo Monetário, Christine Lagarde, para negociar em seis semanas um crédito "stand by", por um montante ainda não revelado oficialmente.
A imprensa local alega que a Argentina precisa de pelo menos 30 bilhões de dólares, mas economistas afirmam que também serão necessárias ajudas do Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento e da Corporação Andina de Fomento.
A Argentina sofre com um déficit comercial recorde. Consultorias estimam, para este ano, que esse número fique acima de 10 bilhões de dólares. O déficit fiscal é de quase quatro pontos do PIB.
Diretório do FMI
O Diretório-Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI) fará, nesta sexta-feira (18), uma reunião informal para discutir o interesse da Argentina em uma linha de crédito "stand by" - anunciou o porta-voz da entidade, Gerry Rice, nesta segunda (14).
Em uma breve nota oficial, o porta-voz afirmou que "será uma reunião informal que faz parte do processo usual no FMI de informar o Diretório-Executivo sobre negociações de programas de alto acesso".
Na semana passada, o governo da Argentina iniciou os contatos com o FMI em Washington para obter "rapidamente" uma linha de crédito que lhe permita resolver a crise financeira que se agravou notoriamente este mês.
De acordo com Rice, o FMI "continua o diálogo com as autoridades argentinas, com o objetivo de conseguir um programa apoiado pelo Fundo. Nosso objetivo comum é chegar a um rápido acordo nessas negociações".
Na quinta-feira, depois de um encontro com o ministro argentino da Economia, Nicolás Dujovne, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, apoiou as negociações e também manifestou seu "firme apoio" às reformas econômicas na Argentina.
"Dei instruções à equipe do FMI para que prossiga em conversas orientadas para um programa apoiado pelo FMI", disse esse nota.
Simultaneamente, o Departamento americano do Tesouro e o próprio presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiram declarações de apoio ao modelo econômico adotado pelo governo de Mauricio Macri.