Os mercados acionários da Europa encerraram o pregão desta terça-feira, 9, em alta, monitorando a questão orçamentária da Itália e os discursos de autoridades da terceira maior economia da zona do euro para arrefecer as tensões criadas com a União Europeia em torno do pacote fiscal para 2019. Nesse cenário, o índice pan-europeu Stoxx-600 fechou em alta de 0,19%, para 372,93 pontos.
O índice FTSE-MIB, da bolsa de Milão, liderou os ganhos em solo europeu, ao encerrar o dia com ganho de 1,06%, aos 20.062,25 pontos. Em Roma, autoridades italianas apresentaram um discurso coordenado na tentativa de acalmar os mercados, que, logo no início do dia, mostraram novo estresse antes da oficialização do plano orçamentário para 2019. Na semana passada, o governo italiano divulgou que projeta déficit de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) da Itália no próximo ano, o que vem gerando discussões acaloradas entre a UE e integrantes mais populistas do governo.
A diferença entre os rendimentos do bônus do governo italiano de dez anos e o título de igual maturação da Alemanha esteve ao redor de 315 pontos-base no início do dia, fazendo com que integrantes da administração italiana fizessem comentários públicos. "O spread perto de 315 pontos-base não me agrada, é claro, mas confio que, quando apresentarmos nossa proposta completa, haverá mais paz de espírito entre investidores", comentou o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, de acordo com informações da agência de notícias Ansa. Já o ministro de Economia e das Finanças, Giovanni Tria, advertiu sobre a necessidade de tanto Roma quanto a UE "baixarem o tom" belicoso no diálogo fiscal, mas também disse crer que o mercado ficará mais "tranquilo" quando ler os detalhes do pacote orçamentário.
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'Tom conciliatório'
Além dos acenos ao universo financeiro, houve, pelo menos em público, uma aparência de coordenação mais afinada no comando italiano em comparação com as narrativas desencontradas de semanas recentes, estas vistas como um dos efeitos colaterais da formação de governo entre duas siglas populistas de extremos opostos no espectro ideológico. Os gestos de tom conciliatório - houve também um encontro entre o presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Roberto Fico, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker - serviram para afastar os rendimentos dos BTPs das máximas do dia e devolver ganhos à bolsa de Milão.
Dado esse cenário, outras bolsas europeias apresentaram ganhos no fim dos negócios, principalmente depois que Conte convocou uma reunião com os dois vice-premiês do país, Luigi Di Maio e Matteo Salvini, para tratar dos últimos ajustes do orçamento. Na bolsa de Frankfurt, o índice DAX fechou em alta de 0,25%, aos 11 977,22 pontos; e, em Paris, o índice CAC 40 encerrou o dia com ganho de 0,35%, para 5.318,55 pontos.
Já bolsa de Londres, o índice FTSE-100 fechou perto das mínimas do dia, com alta de 0,06%, aos 7.237,59 pontos, à medida que a libra se valorizou em relação ao dólar e ao euro com a possibilidade de um acordo em torno do Brexit. Na bolsa de Madri, o Ibex 35 avançou 0,67%, para 9.260,50 pontos, enquanto o PSI 20, da bolsa de Lisboa, subiu 0,50%, aos 5.148,81 pontos.