ENDIVIDAMENTO

IIF: dívidas das famílias crescem no Brasil, mas em nível abaixo dos emergentes

O nível de dívida das famílias brasileiras representa 46% da renda disponível, enquanto na Coreia chega a 165% e na Malásia, em 145%

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 16/11/2015 às 7:58
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
O nível de dívida das famílias brasileiras representa 46% da renda disponível, enquanto na Coreia chega a 165% e na Malásia, em 145% - FOTO: Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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O endividamento das famílias na economia mundial aumentou nos últimos anos em grande parte devido à expansão do crédito nos mercados emergentes, afirma um estudo do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo. No Brasil, as dívidas também cresceram, mas ainda seguem em níveis abaixo da média dos emergentes.

A estimativa do IIF é de que os passivos das famílias na economia mundial aumentaram em US$ 7,7 trilhões desde a crise financeira de 2008 até este ano, dos quais US$ 6,2 trilhões vieram dos mercados emergentes, atingindo níveis "preocupantes" em alguns países, sobretudo Tailândia, Coreia do Sul, Malásia e China.

O Brasil é citado como um país que teve expansão do crédito para pessoa física nos últimos anos, mas ainda com nível baixo na comparação com outros mercados. O IIF menciona, porém, que as dívidas das pessoas físicas têm crescido no Brasil nos últimos anos em ritmo maior que a renda das famílias e que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

No País, o endividamento das famílias subiu desde a crise financeira mundial 12 pontos porcentuais, para 25% do PIB, valor abaixo de outros emergentes com níveis mais preocupantes de passivos nas pessoas físicas. Na China, houve um salto neste tipo de endividamento de 35% do PIB em 2007 para quase 60% em 2015. Na Coreia do Sul, alcançou 84% do PIB. Na Malásia e na Tailândia, as dívidas subiram para 70%. Em média, nos emergentes, o porcentual está em 32% do PIB e nos países desenvolvidos fica ao redor de 75%.

O nível de dívida das famílias brasileiras representa 46% da renda disponível, enquanto na Coreia chega a 165% e na Malásia, em 145%. Entre os países desenvolvidos, no Canadá, os passivos atingiram 153% da renda pessoal e na Suécia, 170%. O Brasil é o décimo emergente com maior nível de endividamento por pessoa física, em ranking liderado por Coreia, Malásia e Republica Tcheca. Os passivos médios nos emergentes por indivíduo somam US$ 3 mil, aumento de 120% ante a média de 2007.

A expansão do endividamento das pessoas físicas na economia mundial se deu em ritmo mais lento que o das empresas e dos governos nos últimos anos. Mas mesmo assim o IIF alerta os governos sobre os riscos desses passivos. A dívida das famílias soma US$ 44 trilhões, incluindo os países emergentes e os desenvolvidos. 

O aumento dos juros nos Estados Unidos, que pode ocorrer já no mês que vem, deve encarecer o custo do crédito na economia norte-americana, além disso, o crescimento mais fraco da economia mundial e a queda dos preços dos imóveis podem afetar as finanças das pessoas físicas ao redor do mundo. 

A piora da situação financeira das famílias pode comprometer bancos, por meio do aumento da inadimplência, e afetar negativamente o mercado de consumo, contribuindo para que o ritmo da atividade econômica permaneça fraco. "As autoridades precisam monitorar o acúmulo do endividamento das famílias para tomar as medidas prudenciais oportunas de modo a evitar que a dívida chegue a níveis insustentáveis", afirma o documento.

Nos países desenvolvidos, as dívidas das famílias tiveram até redução em alguns mercados no pós-crise financeira internacional Em economias como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Irlanda, ocorreu uma desalavancagem no endividamento. Mesmo assim, o IIF estima que o passivo das famílias cresceu US$ 1,5 trilhão no primeiro mundo desde 2007, puxado por países como Suécia, Austrália e Canadá.

Nos EUA, houve redução sobretudo dos financiamentos de imóveis, ou hipotecas, ao mesmo tempo em que cresceu o empréstimo para estudantes e o crédito para a compra de veículos aumentou para níveis recordes, incluindo o avanço de financiamentos para pessoas de risco mais alto, ou "subprimes". Foi o avanço dos financiamentos imobiliários para esse público de maior risco que desencadeou a crise de 2008 nos EUA.

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