Apesar de os índices acionários em Nova York terem renovado sua pontuação histórica nesta volta do feriado de Ação de Graças, em sessão reduzida em razão da Black Friday, no Brasil, a Bovespa teve um dia de volatilidade neta sexta-feira, 25. O anúncio da demissão do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, chegou a colocar a bolsa no positivo no começo da tarde, mas o sinal negativo prevaleceu a partir da aceleração da queda dos preços do petróleo e da constatação de que, a despeito da saída do ministro, o "episódio Geddel" ainda pode ter consequências negativas para o governo Temer.
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Quando parecia que a bolsa fecharia perto da estabilidade, nos ajustes finais do pregão o sinal positivo se impôs e o Ibovespa acabou o dia na máxima de 61.559,07 pontos (+0,27%), com a migração de parte das ações da Petrobras para o azul, o que, contudo, não refletiu o tom que prevaleceu ao longo da sexta-feira.
O volume esteve mais baixo do que o padrão em função do "meio feriado" nos EUA e somou R$ 5,598 bilhões. Na mínima, o Ibovespa marcou 60.573 pontos (-1,34%). Em novembro, acumula desvalorização de 5,18%. Em 2016, há avanço de 42,01%. Nesta semana, acumulou alta de 2,66%.
O mercado abriu em queda firme, reagindo à notícia de que o ex-ministro Marcelo Calero teria dito, em depoimento à Polícia Federal, que o presidente Michel Temer o "enquadrou" para tentar buscar uma saída para o impasse na liberação do empreendimento imobiliário onde o ministro comprou um apartamento.
Mais tarde, veio o anúncio do pedido de demissão de Geddel, aceito por Temer, e a Bovespa respirou, migrando para o azul, quando atingiu as máximas. Durante a etapa vespertina, contudo, passou a alternar altas e baixas, sem firmar tendência.
Enquanto as bolsas norte-americanas fincavam pé no terreno positivo, marcando novas máximas, o petróleo, de outro lado, aprofundou as perdas. As cotações na Nymex e na ICE Futures fecharam com perdas próximas a 4% no contrato que vence em janeiro. Aqui, as ações da Petrobras sentiram o baque, com a PN em baixa de 1,80%. A ON virou para o positivo nos ajustes e terminou em leve alta de 0,11%.
Além do desempenho do petróleo, o cenário político teve papel relevante nos negócios desta sexta-feira, contribuindo em boa medida para o descompasso entre Brasil e NY. "Agora já temos o envolvimento do próprio Temer, da AGU e do Padilha. Não se sabe quanto aos desdobramentos, o que poderemos ter no fim de semana, se houve ou não gravação e, se houve, qual o teor. Não tem nada resolvido", disse o operador da mesa institucional da Renascença, Luiz Roberto Monteiro.
O que o investidor mais teme é o risco para a aprovação das reformas, às vésperas da votação da PEC do teto dos gastos públicos em primeiro turno no Senado, prevista para o dia 29, e a da Previdência, considerada a batalha mais difícil.
Enquanto a Petrobras acusava o golpe do recuo do petróleo, de outro lado, Vale e siderúrgicas tiveram bom desempenho, embaladas por mais um dia de avanço, de 3%, nos preços do minério de ferro. Vale PNA subiu 4,53% e Vale ON, +4,75%, liderando o ranking das maiores altas do índice.