A limpeza no portfólio de investimentos em empresas do banco BTG Pactual deve continuar nos próximos dias com a venda, por R$ 1, do controle da rede de farmácias BR Pharma. O preço simbólico se deve ao fracasso da rede, que passa por sérias dificuldades financeiras em todo o País. Em Pernambuco, a BR Pharma controla a rede Big Ben. A venda deve ser feita ao empresário Paulo Remy, hoje sócio da construtora WTorre, segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo.
A Big Ben, que chegou ao Estado há cerca de dez anos, encontra-se numa situação difícil. Lojas estão fechando, empregados estão sendo demitidos e muitos produtos estão em falta nas suas prateleiras. Para completar, o setor atraiu várias redes de peso, como Drogasil e Drogaria São Paulo, criando um cenário ainda mais difícil para a Big Ben. Em todo o País, a rede enfrenta problemas financeiros.
Segundo fontes, Remy teria experiência em assumir negócios em dificuldades, pois trabalhou na consultoria Galeazzi & Associados, especializada em reestruturações.
A BR Pharma é um dos ativos mais problemáticos na carteira do BTG, banco comandado pelo empresário André Esteves. O banco tentou montar uma gigante em farmácias a partir de aquisições realizadas em diferentes regiões do País. No entanto, o negócio revelou-se de difícil retorno e a instituição teve de fazer aportes de capital no ativo. Em janeiro do ano passado, por exemplo, o BTG injetou cerca de R$ 400 milhões na BR Pharma.
Desde que resolveu desistir das farmácias, o BTG vinha vendendo separadamente as marcas. Em novembro de 2015, a Mais Econômica foi repassada ao fundo Verti, por R$ 44 milhões. Em 2016, foi a vez de a Rosário ser vendida à Profarma, por R$ 173 milhões. No entanto, o valor deveria sofrer um desconto, pois boa parte das lojas da Rosário estava enfrentando desabastecimento na época. Estas últimas não operam em Pernambuco.
Ao passar o controle da BR Pharma adiante, o BTG sai do negócio sem receber nada, mas se livra de pesadas obrigações. Hoje, o negócio se resume às redes Big Ben, Farmácia Santanna e à cadeia de franquias FarMais. Somente para comprar a Big Ben de um grupo do Pará, o BTG gastou R$ 453 milhões, em novembro de 2011.
Não é a primeira vez que o BTG investe pesado num ativo para depois repassá-lo adiante com valor simbólico. A rede de varejo fluminense Leader, de apelo popular, foi vendida a R$ 1 ao advogado Fabio Carvalho. A Alvarez & Marsal assumiu a gestão. O jornal procurou a WTorre para falar sobre a entrada de Remy na BR Pharma, mas não obteve retorno. O BTG não quis comentar.