A partir de abril, ninguém poderá ficar com dívidas referentes ao rotativo do cartão de crédito por mais de 30 dias. A resolução nº 4.549 do Conselho Monetário Nacional (CMN) determina que o saldo devedor deverá ser parcelado. Os bancos já oferecem produtos com juros que variam entre 0,99% e 9,99% ao mês. É preciso ficar atento: apesar de ser mais barato que o rotativo, as taxas do parcelamento ainda são muito altas.
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Atualmente, os juros do rotativo, a linha de crédito mais cara, giram em torno de 15% ao mês e 486,7% ao ano. Enquanto o parcelamento fica em torno de 8,35% ao mês e 161,9% ao ano. Os dados são do Banco Central referentes a janeiro último.
A entrada no rotativo acontece quando o cliente paga o valor mínimo. A fatura no mês seguinte traz o saldo devedor, as taxas do rotativo e os novos gastos do mês. Agora, se o cliente não abater a dívida, alguns bancos vão parcelar automaticamente o valor.
É o caso do Banco do Brasil. Se o cliente não escolher uma modalidade, a dívida será parcelada em 24 vezes com juros que vão de 3,13% a 9,38%. O mesmo ocorre no Santander, em que os valores variam entre 2,99% a 9,99% ao mês, com possibilidade de parcelamento em até 18 vezes. O valor mínimo da fatura será composto pelo percentual de 15% sobre os novos gastos e as parcelas de financiamentos de faturas anteriores.
Já o Itaú oferece outras possibilidades, como financiar a dívida. O cliente dá um valor de entrada e parcela o resto em 12 vezes. As taxas começam em 0,99% e vão até 8,9% ao mês. É possível dividir em até 24 parcelas. O Bradesco oferece taxas de 3,60% e 9,80% ao mês e parcelamento em até 12 vezes. O Itaú baixou o valor do rotativo, que ficou de 1,99% a 9,90% a.m.
Os bancos vão aplicar os valores de acordo com o perfil do crédito do cliente. Será avaliado, por exemplo, se ele é inadimplente ou não.
CONSCIÊNCIA
A orientação do educador financeiro e diretor da Unidade DSOP Recife, Arthur Lemos, é de estudar a melhor opção. “A notícia é boa, mas o consumidor deve ficar atento. Se ele perceber que não vai conseguir pagar o valor total do cartão, deve se antecipar e procurar alguma ferramenta de crédito menos onerosa que o parcelamento. É preciso usar o cartão com consciência”.
O objetivo da resolução é de aliviar o peso sobre o bolso do brasileiro. Atualmente, 56,2% das famílias possuem algum tipo de dívida, segundo a Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC). Mais de 39% dos brasileiros são inadimplentes, de acordo com o SPC Brasil e a CNDL. Isso faz as pessoas consumirem menos e a economia fica estagnada.
Porém, em um mercado sem limite para a aplicação de taxas de juros, o parcelamento pode se tornar um novo rotativo? Segundo Arthur Lemos, sim. “Pode acontecer. Porém, os bancos não vão ter muita motivação para fazer esse movimento independente. Se for observada uma discrepância, o Comitê de Política Econômica pode intervir de forma regulatória”, afirma.