No jogo da linguagem do poder em Brasília, uma das máximas que vale para os ministros da Fazenda é a de que eles não podem mostrar que saíram derrotados em debates dentro e fora da Esplanada dos Ministérios.
Completando um ano no comando da economia, depois de assumir a pasta em meio à mais longa recessão do País, Henrique Meirelles tem tido a habilidade de transformar derrotas - ou meia derrotas - em vitórias.
Escolhido pelo presidente Michel Temer para tirar as contas públicas do buraco e garantir a recuperação econômica, o ex-presidente do Banco Central do governo Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu implementar uma política de ajuste fiscal gradual, mas que vai manter déficits robustos até 2018.
Apesar disso, Meirelles obteve a confiança dos agentes econômicos e investidores para implementar o seu plano. O ministro sabe. "Eu diria que a primeira vitória foi a reversão das expectativas", diz o ministro. A sua lista é seguida pela queda da inflação e a retomada do crescimento. "Já está acontecendo. Estamos com resultado positivo no primeiro trimestre", afirma.
Se o crescimento não veio no ritmo esperado, o governo completa agora um ano com a atividade econômica em recuperação, as metas fiscais sendo alcançadas, inflação e juros em queda e o teto do gasto aprovado pelo Congresso.
Leia Também
- Meirelles diz que país voltará a gerar emprego no segundo semestre
- Meirelles reitera importância das reformas para investimentos de longo prazo
- Meirelles diz que queda da inflação mostra efeitos do ajuste fiscal
- Meirelles: reforma da Previdência não pode ter mudanças 'substanciais'
- Lava Jato eleva confiança nas instituições, diz Meirelles
Reforma da Previdência
Apesar das incertezas que ainda rondam a votação, a reforma da Previdência avança na Câmara e caminha para a principal batalha: a votação no plenário, prevista para o final do mês.
O gradualismo fiscal de Meirelles também vem sustentando a decisão de Temer de não aumentar impostos. Quando sinalizou que isso poderia acontecer, viveu um dos momentos mais tensos à frente da pasta. "O que é isso, ministro?", questionou a Fiesp em uma propaganda.
Cobrado por tucanos por medidas menos impopulares, anunciou um pacote de estímulo ao crescimento. O Banco Central, que estava sendo acusado de atrasar a retomada, começou a acelerar a queda dos juros. O alívio tomou conta do governo. Além das reformas, agora, novas batalhas estão sendo travadas e renovadas. A principal delas será a retomada do emprego, esperada para o último trimestre do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.