O aumento da incerteza política e as dúvidas sobre as próximas medidas econômicas do presidente Michel Temer vão se refletir em um ritmo de recuperação da atividade mais contido, avalia o Fundo Monetário Internacional (FMI) em relatório de atualização de projeções divulgado durante evento na Malásia nesta segunda-feira (24). A projeção é que a economia brasileira deva crescer 0,3% este ano, um dos menores níveis entre os principais mercados do mundo.
Para 2018, o FMI projeta expansão de 1,3%, abaixo do 1,7% que previa no relatório "Perspectiva Econômico Mundial" divulgado em abril, durante a reunião de primavera da instituição, em Washington. A redução da projeção é por causa da crise política e da fraca demanda doméstica, segundo o documento divulgado nesta segunda.
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Ao mesmo tempo, a estimativa para 2017 teve leve alta na comparação com o relatório de abril, de 0,2% para 0,3%. A razão é que os números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre acabaram surpreendendo positivamente.
Um dos pontos positivos ressaltados pelo FMI sobre o Brasil no relatório agora divulgado é a "forte queda" da inflação, que contrasta com o movimento de outros emergentes, onde os índices de preços têm tido comportamento mais estável e mesmo os países desenvolvidos, onde se esperava aceleração da inflação, movimento que vem ocorrendo em ritmo mais suave que o projetado
Relatório do FMI
Ao mesmo tempo, o relatório do FMI ressalta que "renovadas incertezas políticas" pressionaram o real, que teve desvalorização logo após a delação da JBS vir a público. Apesar do cenário mais incerto no Brasil, os fluxos de capital internacionais tem mostrado resistência e continuaram aportando no Brasil e em outros mercados emergentes.
O fim da recessão no Brasil e na Argentina deve ajudar a América Latina a voltar a registrar crescimento positivo, destaca o FMI. A projeção é que após contração de 1% em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) da região cresça 1% em 2017 e 1,9% em 2018. Ainda na região, as estimativas para o México foram revisadas para cima e o país deve crescer 1,9% este ano.
Apesar da volta ao crescimento na América Latina, os números ainda seguem abaixo das médias históricas, afirma o economista-chefe do FMI, Maurice Obstfeld, em comentários apresentados durante a apresentação do relatório na Ásia.