Decisão

Banco Central reduz juros a 9,25% ao ano, mesmo nível de 2013

Com queda, população terá mais facilidade de tomar crédito

Da Redação com agências
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Publicado em 27/07/2017 às 8:36
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Com queda, população terá mais facilidade de tomar crédito - FOTO: Foto: Agência Brasil/Divulgação
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Pela primeira vez em quase quatro anos, a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, volta a ter apenas um dígito. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu ontem o percentual pela sétima vez seguida, ficando em 9,25% ao ano, um ponto percentual abaixo do patamar anterior, de 10,25%. O valor já estava precificado pelo mercado financeiro, mas ele traz consequências – e positivas – também para a população comum. É que vai ficar mais barato tomar dinheiro emprestado.


Apesar de os juros praticados pelos bancos não serem iguais ao percentual da Selic, sua variação guia o preço dos empréstimos – de cartão de crédito a financiamentos imobiliários. “Existe um certo prazo para as pessoas sentirem isso, mas a tendência é que o crédito fique menos caro”, diz o integrante do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Fábio Silva. O Santander, por exemplo, se antecipou e anunciou no início da semana redução em todas as linhas de crédito para pessoa física. Ontem, após a divulgação da decisão do Copom, o Banco do Brasil e o Itaú também anunciaram juros mais baratos.


Em uma comparação temporal mais ampla que a das últimas sete reuniões do Copom, uma redução em um ponto percentual é considerada grande, mas ainda assim alguns economistas e instituições esperavam mais (leia na matéria vinculada). “Haveria espaço para cair ainda mais. Com a inflação baixa é possível mexer mais na Selic. Nossa taxa real de juros – que é a taxa básica menos a inflação – ainda é uma das mais elevadas do mundo”, avalia o sócio da Ceplan, Jorge Jatobá.


Além de dar mais conforto ao orçamento das famílias, a redução progressiva traz indiretamente outra consequência positiva. “Com juros mais baixos as empresas têm mais fôlego para investir e, assim, movimentar a economia”, destaca a professora de economia da Faculdade Boa Viagem (FBV), Amanda Aires. No longo prazo, com a confirmação de melhora dos outros indicadores econômicos, isso pode representar, inclusive, a geração de empregos.


O próprio Banco Central, com a divulgação da ata do Copom, destacou que a política contínua de reduções depende da manutenção desse cenário de melhora econômica, que, por sua vez, está relacionada a reformas estruturais programadas pelo governo e que são alvo de incertezas. “O ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”, afirma o comunicado.


A projeção da própria instituição para o IPCA deste ano, por exemplo, é de 3,6%, valor bem abaixo do centro da meta, de 4,5%. Para o mercado, se o caminho das reduções for mantido, a Selic pode encerrar o ano próxima aos 8%.

INDÚSTRIA PEDE CORTES MAIORES

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) avalia que ao cortar a taxa básica de juros, a Selic, em um ponto percentual ontem, o Banco Central está reduzindo o indicador em ritmo “muito mais devagar do que poderia”, afirma nota assinada pelo presidente da entidade, Paulo Skaf.


Para o presidente da Fiesp, a inflação está em queda e a projeção do mercado é de que o IPCA deve encerrar o ano em 3,3%, ou seja, abaixo da meta do Banco Central, de 4,5%. “Além disso, a retomada do crescimento é fraca”, ressalta o executivo na nota enviada à imprensa após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “O emprego não está reagindo. Continuamos com 14 milhões de desempregados.” “O BC está com a preocupação errada. A inflação está sob controle”, afirma Skaf.


“O que o Brasil precisa, no momento, é retomar o crescimento e gerar novos empregos. E isso só vai acontecer com juros mais baixos.” Já o Sistema Firjan, que reúne as indústrias do Estado do Rio de Janeiro, considerou a decisão do Copom “acertada”.


Em nota à imprensa, a entidade ressalta que, além de a inflação estar abaixo da meta, há muita ociosidade na indústria e o mercado de trabalho segue fraco. “Há espaço para queda significativa da taxa de juros.” Ao comentar a decisão do Copom, a Firjan aproveita para criticar a decisão do governo de elevar tributos para tentar cumprir a meta fiscal de 2017. Para a entidade, esta estratégia será negativa para a recuperação da economia.


Poucos minutos depois de o Copom anunciar a redução da taxa básica de juros, o presidente Michel Temer usou o Twitter para comemorar a decisão. “Juros abaixo de um dígito pela 1ª vez em 4 anos. Menor inflação em uma década. Com responsabilidade, estamos mudando o Brasil para melhor”, escreveu.


Temer destacou ainda que a redução incentiva investimentos produtivos que geram mais empregos.

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