JUROS

Redução da Selic facilita acesso ao crédito

Decisão do Copom de reduzir a taxa básica de juros para 9,25% leva bancos a reproduzirem movimento de deixar os empréstimos mais baratos

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 27/07/2017 às 7:15
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Decisão do Copom de reduzir a taxa básica de juros para 9,25% leva bancos a reproduzirem movimento de deixar os empréstimos mais baratos - FOTO: Foto: Pixabay
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Pela primeira vez em quase quatro anos, a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, volta a ter apenas um dígito. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu ontem o percentual pela sétima vez seguida, ficando em 9,25% ao ano, um ponto percentual abaixo do patamar anterior, de 10,25%. O valor já estava precificado pelo mercado financeiro, mas ele traz consequências – e positivas – também para a população comum. É que vai ficar mais barato tomar dinheiro emprestado.

Apesar de os juros praticados pelos bancos não serem iguais ao percentual da Selic, sua variação guia o preço dos empréstimos – de cartão de crédito a financiamentos imobiliários. “Existe um certo prazo para as pessoas sentirem isso, mas a tendência é que o crédito fique menos caro”, diz o integrante do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Fábio Silva. O Santander, por exemplo, se antecipou e anunciou no início da semana redução em todas as linhas de crédito para pessoa física. Ontem, após a divulgação da decisão do Copom, o Banco do Brasil e o Itaú também anunciaram juros mais baratos.

Em uma comparação temporal mais ampla que a das últimas sete reuniões do Copom, uma redução em um ponto percentual é considerada grande, mas ainda assim alguns economistas e instituições esperavam mais. “Haveria espaço para cair ainda mais. Com a inflação baixa é possível mexer mais na Selic. Nossa taxa real de juros – que é a taxa básica menos a inflação – ainda é uma das mais elevadas do mundo”, avalia o sócio da Ceplan, Jorge Jatobá.

Além de dar mais conforto ao orçamento das famílias, a redução progressiva traz indiretamente outra consequência positiva. “Com juros mais baixos as empresas têm mais fôlego para investir e, assim, movimentar a economia”, destaca a professora de economia da Faculdade Boa Viagem (FBV), Amanda Aires. No longo prazo, com a confirmação de melhora dos outros indicadores econômicos, isso pode representar, inclusive, a geração de empregos.

CENÁRIO

O próprio Banco Central, com a divulgação da ata do Copom, destacou que a política contínua de reduções depende da manutenção desse cenário de melhora econômica, que, por sua vez, está relacionada a reformas estruturais programadas pelo governo e que são alvo de incertezas. “O ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”, afirma o comunicado.

A projeção da própria instituição para o IPCA deste ano, por exemplo, é de 3,6%, valor bem abaixo do centro da meta, de 4,5%. Para o mercado, se o caminho das reduções for mantido, a Selic pode encerrar o ano próxima aos 8%.

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