Em Pernambuco, a privatização será um caminho para fazer andar empreendimentos que já nasceram dando prejuízo, como a Petroquímica Suape (PQS) e a Refinaria Abreu e Lima (Rnest). A mexicana Alpek vai desembolsar R$ 1,2 bilhão para comprar a PQS, enquanto a Petrobras procura um sócio ou um investidor para assumir a Rnest. Mergulhados em denúncias de corrupção, ingerência política e gestão ineficiente, os dois empreendimentos passaram mais tempo em construção do que em funcionamento.
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Na Petroquímica, a engenharia financeira desafia a capacidade de economistas e contadores para entender como a empresa conseguiu acumular um prejuízo de R$ 9,5 bilhões, entre 2006 e 2016. A perda é equivalente aos R$ 9 bilhões investidos no complexo, que agora será vendido por um sétimo desse valor. O interesse dos mexicanos no negócio vai evitar o sucateamento de um projeto idealizado para ser o maior complexo químico-têxtil do mundo e que vinha definhando, mas fica o prejuízo aos cofres públicos.
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Sem dinheiro em caixa e implementando um programa de desinvestimento, a Petrobras revive a procura por um sócio, como aconteceu no início dos anos 2000. Na época, o ex-presidente Lula comparou os Estados candidatos ao empreendimento como filhos disputando um bife. “Vou dar o bife a quem trouxer um parceiro para colocar dinheiro junto com a Petrobras”, avisou, tendo escolhido a Venezuela então comandada por Hugo Chávez.
“A empresa está sofrendo as consequências de uma escolha mal feita lá atrás. Prevaleceu uma decisão política, ao invés de selecionar um sócio que viesse somar ao empreendimento”, observa o professor de Economia da DeVry|FBV, Bruno Menelau. Depois de custar US$ 18,5 bilhões ao governo federal, a Refinaria corre o risco de ter seu parque de refino funcionando pela metade se não conseguir um parceiro ou um comprador. Seja qual for a solução, mais uma vez ficará o prejuízo, porque nenhum investidor vai pagar pelo negócio a exorbitância do valor investido (uma vez que boa parte foi parar no ralo da corrupção).
ESTATAIS
Empresas do Estado também vão entrar na rota das privatizações. Estão na agulha os processos de desestatização da Companhia Pernambucana de Gás Natural (Copergás) e da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), sob a batuta do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. O BNDES está contratando estudos para indicar a melhor modelagem dos projetos.
Na Copergás, o Estado detém 51% de participação, junto com a Mitsui (24,5%) e a Gaspetro (24,5%). Apesar do bom desempenho da companhia (lucro de R$ 70 milhões em 2016), o governo poderá utilizar o dinheiro da venda para fazer caixa, além de deixar com a iniciativa privada o compromisso de continuar investindo em infraestrutura no setor de gás, focando o investimento público em outras áreas. No caso da Compesa, a expectativa é que a participação privada se dê por meio de uma nova PPP.