O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, de 0,2% em relação ao primeiro trimestre de 2017, puxado por serviços e consumo, afirmou nesta sexta-feira, 1º de setembro, a coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis. Do lado da produção, o comércio (com alta de 1,9% ante o primeiro trimestre) puxou os serviços. Pelo lado da demanda, o destaque foi o consumo das famílias, com alta de 1,4%.
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"O crescimento foi puxado por serviços e consumo das famílias", disse Rebeca, em entrevista coletiva à imprensa, no Rio de Janeiro, lembrando que o consumo das famílias já tinha registrado queda menor no primeiro trimestre.
Entre a série de fatores para explicar a alta do consumo das famílias, Rebeca citou a massa salarial crescendo em termos reais, "porque o salário real está crescendo, com a forte desaceleração da inflação". "O aumento do salário real mais que compensou a queda na ocupação", afirmou Rebeca, lembrando que houve também o efeito positivo da liberação dos recursos das contas inativas do FGTS. Outros fatores por trás da alta do consumo são as taxas de juros menores, embora o crédito ainda esteja caindo em termos reais.
No geral, para a pesquisadora, o destaque positivo do PIB do segundo trimestre foi o consumo das famílias, enquanto o destaque negativo foi a queda dos investimentos (de 0,7% ante o primeiro trimestre e de 6,5% em relação ao segundo trimestre de 2016).
Trajetória ascendente
Segundo Rebeca, o crescimento do PIB do segundo trimestre deste ano confirma a trajetória mais positiva da atividade econômica. "Olhando o ciclo, a partir do segundo semestre do ano passado, estamos em trajetória ascendente", afirmou Rebeca, mostrando um gráfico com a variação do PIB acumulado em quatro trimestres.
A pesquisadora frisou que o IBGE não data os ciclos econômicos, identificando o término da recessão, mas reconheceu que essa trajetória ascendente é "coerente com a saída de uma recessão".
Construção
Para ela, o ajuste fiscal conduzido pelos governos federal e estaduais afetou o desempenho da construção. A construção teve um recuo de 7,0% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, a principal contribuição negativa para o PIB industrial, que encolheu 2,1% no período. "Tem uma parte importante da construção que tem a ver com o setor público. Se você tem que fazer ajuste fiscal - e isso está acontecendo nos três níveis, especialmente no governo federal e Estados -, o mais fácil de cortar é investimentos. A parte de investimento público realmente está sofrendo", contou Rebeca.
Quanto ao setor privado, a recuperação também é muito gradual, de médio e longo prazo. No segundo trimestre, a construção teve perda tanto pela parte imobiliária quanto pela infraestrutura, disse Rebeca. "Quem mais investe é governo e empresas. A família investe pouco, é muito menor comparado ao setor público e empresas", explicou a pesquisadora.
O mau desempenho do setor de construção afetou os resultados dos investimentos. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) encolheu 6,5% no segundo trimestre ante o mesmo trimestre de 2016. No mesmo período, o Consumo do Governo diminuiu 2,4%. Na comparação com o primeiro trimestre de 2017, o Consumo do Governo caiu 0,9% no segundo trimestre deste ano, pressionado pelos gastos menores de governos estaduais. A FBCF encolheu 0,7% nesse tipo de comparação, com uma queda de 2,0% na Construção.