O comércio varejista registrou no mês de julho variação nula (0,0 %) no volume de vendas em relação ao mês anterior, na série livre de influências sazonais. O resultado ocorre após três meses seguidos de aumento. Nesses período o varejo acumulou ganho de 2,2%. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada hoje (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A pesquisa mostra que em comparação a julho de 2016, na série sem ajuste sazonal, o volume de vendas subiu 3,1%, deixando a variação acumulada nos sete primeiros meses de 2017, em 0,3%. De acordo com a gerente da PMC, Isabella Nunes, o resultado é o melhor em meses de julho desde 2013.
O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo está entre os três que mais avançaram nas vendas e teve variação de 0,7%, entre junho e julho. Os outros destaques foram tecidos, vestuário, calçados( 0,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (4,4%).
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O setor de combustíveis e lubrificantes registrou queda (-1,6%) na mesma comparação, como também artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,4%) e artigos de uso pessoal e doméstico (-0,2%). Os três pressionaram negativamente o indicador do comércio varejista de julho.
Segundo Isabella Nunes "é um ajuste comum na série depois de três meses consecutivos. Com ganho de 2,2% ter uma estabilização é algo completamente esperado. É factível."
"A estabilização do comércio em julho deste ano após três meses consecutivos com resultados positivos representaram ganho de 2,2%, na comparação com o mês anterior é normal e não significa interrupção no crescimento do setor", explicou.
Embora o resultado de julho seja considerado importante e vem em uma sequência de indicadores positivos, a gerente destacou que o varejo ainda se mantém 8,7% abaixo do recorde que foi registrado em novembro de 2014, mas, em compensação, o ritmo de queda tem sido menor.
Na comparação com o ano de 2016, o varejo mantém as taxas positivas (3,1%) pelo quarto mês consecutivo, influenciado, principalmente, pelas atividades de tecidos, vestuário e calçados; e móveis e eletrodomésticos. Isabella Nunes chamou atenção também para o fato de que todas as atividades mostram uma recuperação no mês de julho, exceto combustíveis que mostram resultado negativo.
Para a gerente, o crescimento 0,7% nas vendas do setor de hiper e supermercados mercados reflete maior liquidez da renda das famílias causada pelo avanço de 1,3% na massa real habitualmente recebida em relação ao trimestre encerrado em junho. Isabella Nunes disse que na comparação com o ano de 2016 é preciso considerar que naquele ano as vendas estavam deprimidas com orçamento restrito das famílias que não compravam o que não era considerado essencial.
“As famílias reduziram o consumo do tipo de atividade que não é essencial. Agora, com uma recomposição melhor da renda, dado que a ocupação vem crescendo, a massa real que circula na economia está aumentando 3,1%, no trimestre móvel terminado em julho, o que contribui para estimular este tipo de consumo que foi deprimido no ano passado. É importante perceber que este comportamento está em todas as atividades, não está concentrado em apenas uma, mas com destaque maior para as atividades que perderam mais no ano passado”, explicou.
A queda de 1,6% na atividade de combustíveis e lubrificantes entre junho e julho ocorre depois de crescimento em meses anteriores. Segundo a gerente, foram dois meses em que o combustível teve ganho de 2% e agora acomodaram um pouco as vendas.
Isabella Nunes não relacionou a questão na queda de preços dos combustíveis. “Não [ tem relação]. Os preços dos combustíveis estão em queda. É alguma coisa do próprio setor”.Apesar da conjuntura econômica estar favorecendo em alguns aspectos o setor, também não se pode assegurar que o varejo deixou o fundo do poço para trás.
“A gente vai ter que observar mais, principalmente, o mercado de trabalho. Em termos de conjuntura a gente tem inflação em queda, mas uma taxa de juros bastante elevada ainda para as famílias, embora, em queda, ainda elevada, e um comportamento de um mercado de trabalho que está evoluindo via o aumento de ocupação sem carteira. A ocupação sem carteira significa que os trabalhadores têm menos benefícios, menos segurança para o consumo. Neste sentido, é importante observar a evolução do mercado de trabalho daqui para frente”, explicou.