O dólar negociado no Brasil cedeu a uma correção de altas recentes vinda do exterior e recuou levemente ante o real nesta segunda-feira, 26. Em um dia marcado pela queda firme e generalizada da moeda americana, chamou a atenção no mercado a resistência das cotações no nível dos R$ 3,30, tanto no mercado à vista como no futuro. Segundo analistas, os motivos podem ser internos, uma vez que investidores aguardam por desdobramentos de eventos no âmbito doméstico. O dólar à vista terminou o dia em R$ 3,3093, em baixa de 0,21%.
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A possibilidade de um acordo entre Estados Unidos e China que evite uma guerra comercial entre os dois países foi o combustível do bom humor no mercado externo, que levou o dólar a se enfraquecer de maneira geral. As bolsas de Nova York subiram acima dos 2% e os juros dos títulos do Tesouro dos EUA também avançaram. Esses fatores incentivaram a queda do dólar nos mercados globais.
Dois assuntos distintos se destacaram no front interno. O primeiro foi a notícia de que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, estaria mesmo decidido a deixar o cargo no dia 7 de abril para se dedicar a uma candidatura à presidência. A notícia foi confirmada pelo presidente Michel Temer ao Estadão, mas Meirelles manteve o discurso dos últimos dias e afirmou que ainda está considerando a candidatura. O noticiário alimentou especulações nos mercados sobre quem seria o substituto de Meirelles na condução da política econômica de abril a dezembro e chegou a exercer pressão de alta pontual sobre o dólar.
O outro evento do dia foi o julgamento dos recurso de embargos infringentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que foi rejeitado por unanimidade, conforme o esperado. Como não cabe mais recurso de Lula nessa esfera jurídica, a possibilidade de prisão do líder petista está agora nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), que julga no próximo dia 4 o habeas corpus do ex-presidente, que visa evitar a prisão dele antes do trânsito em julgado da matéria. Lula foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
Para Cleber Alessie Machado Neto, operador da corretora HCommcor, foi nítido nesta segunda-feira que os mercados de câmbio e ações não acompanharam integralmente o bom humor internacional. Na opinião dele, a cautela com o STF é um dos fatores que inibiram uma correção mais forte no câmbio. "No que diz respeito ao noticiário, há algum desconforto na expectativa pelo julgamento no STF, cujo resultado pode fazer diferença no cenário eleitoral", afirmou.