JUROS

BC trabalha para que juros do crédito caiam mais rapidamente

A afirmação foi feita por Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, durante apresentação do Relatório de Inflação

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Publicado em 29/03/2018 às 14:15
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O Banco Central continuará trabalhando para que haja queda de juros do crédito mais rápida, afirmou o presidente da autarquia, Ilan Goldfajn, ao apresentar nesta quinta-feira (29) o Relatório de Inflação, em Brasília. Ele destacou que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) deve anunciar em abril medidas relacionadas ao cheque especial, mas não deu detalhes sobre as mudanças.

Goldfajn lembrou que nesta semana o BC anunciou medidas para baratear o custo de uso das máquinas de cartão de crédito pelos lojistas, com objetivo de reduzir os preços cobrados dos consumidores.

Na quarta-feira (28), o BC também anunciou a redução dos depósitos compulsórios, o que libera mais recursos para os bancos emprestarem aos clientes. Para o BC, a redução dos compulsórios pode resultar na diminuição do spread bancário – diferença entre os juros que o banco paga ao investidor que empresta a ele e as taxas cobradas de quem contrai operações de crédito.

Para o presidente do BC, o efeito do ciclo atual de cortes na taxa básica, a Selic, nos juros dos empréstimos “estão mais ou menos compatíveis com outros episódios [de redução da Selic] do passado”. “Esta semana, tivemos várias medidas ligadas à concorrência, ligadas a custos. Vamos continuar fazendo isso”, afirmou.

Neste mês, a Selic foi cortada pela 12ª vez seguida, chegando a 6,5% ao ano, o menor nível da história. Já taxa média de juros para as famílias alcançou 57,7% ao ano, em fevereiro, com redução de 15,8 pontos percentuais em 12 meses. A taxa do cheque especial ficou em 324,1% ao ano, com redução de 2,9 pontos percentuais em 12 meses.

Inflação de volta à meta

Goldfajn enfatizou que é preciso balancear a necessidade de garantir uma velocidade adequada da volta da inflação para a meta e, ao mesmo tempo, assegurar que essa “conquista” e dos juros mais baixos se mantenha por tempo prolongado. Para o presidente do BC, o objetivo que é seja uma mudança “mais estrutural e não só conjuntural”.

“A economia brasileira precisa continuar com os ajustes e reformas. As projeções do Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] embutem as reformas. Não é uma questão de curto prazo, mas uma questão de continuarem a ser implementadas”, disse, destacando a reforma da Previdência e o projeto de autonomia do Banco Central, que será enviado ao Congresso Nacional pelo governo. Para Goldfajn, a votação do projeto de autonomia do BC pode ocorrer ainda este ano. “ E sse projeto está andando bem e o governo está avaliando a melhor forma legislativa de encaminhar esse projeto, está indo de acordo com o esperado”, destacou.

Ilan Goldfajn acrescentou que os riscos para a inflação e a economia brasileira estão na interrupção desses ajustes e reformas e de mudanças no cenário internacional, atualmente benigno para a economia brasileira.

No relatório divulgado nesta quinta, o BC revisou a projeção para a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 4,2% para 3,8%, neste ano. A estimativa ficou mais distante do centro da meta de inflação, que é 4,5% neste ano. Para 2019, a projeção para o IPCA caiu de 4,2% para 4,1%. A estimativa para 2020 passou de 4,1% para 4%. A meta para 2019 é 4,25% e, para 2020, 4%. O intervalo de tolerância é 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Goldfajn reforçou que a Selic pode voltar a ser reduzida na próxima reunião do Copom, em maio, e deve haver uma interrupção do ciclo de cortes em junho. O presidente do BC destacou que, em junho, os efeitos de alterações da Selic na inflação serão sentidos “majoritariamente” em 2019, devido à defasagem. “Quando a gente olhar no meio do ano e tiver olhando majoritariamente para 2019, vamos analisar o que já ocorreu, as projeções, os riscos e só depois tomar uma decisão. Isso significa que podemos pausar por algum tempo [o ciclo de cortes da Selic]”, afirmou.

 

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