LEI DAS ESTATAIS

Petrobrás estuda alternativas para driblar licitações

As licitações em grandes compras são resultado da nova Lei das Estatais. Por causa da Lava Jato, as exigências são maiores

Estadão Conteúdo
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Publicado em 19/04/2018 às 12:27
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As licitações em grandes compras são resultado da nova Lei das Estatais. Por causa da Lava Jato, as exigências são maiores - FOTO: Foto: Heudes Regis/ JC Imagem
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A Petrobrás estuda uma saída legal para fugir das amarras da nova Lei das Estatais e evitar as licitações em grandes compras, como as de plataformas para o pré-sal. No dia 30 de junho, todas as empresas públicas vão ter de adequar seus regimes de compras à nova Lei, que é mais restritiva que a anterior - um efeito direto da Operação Lava Jato. A petroleira avalia, no entanto, meios de manter o privilégio de convidar um grupo restrito de fornecedores para os projetos que mantém em sociedade com petroleiras privadas. Em resposta, a indústria local ameaça ir à Justiça.

A nova lei impõe uma série de exigências às estatais, como a de acabar com a opção da "carta-convite", em que apenas três fornecedores, os mais reconhecidos no mercado, são convidados a participar das concorrências.

Essa possibilidade foi concedida à Petrobrás em 1998, por meio de um decreto, que equiparou o regime de compras da empresa ao do setor privado. Esse formato de contratação de projetos bilionários acabou favorecendo as relações de corrupção entre fornecedores e funcionários da estatal, que foram denunciadas pela Lava Jato e provocaram perdas calculadas em R$ 6 bilhões pela Petrobrás.

O privilégio de poder comprar sem licitação foi questionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). As divergências se encerrariam no fim do mês que vem, quando termina o prazo de adaptação das companhias públicas à nova legislação, que exige o regime de licitação em contratos acima de R$ 100 mil. A Petrobrás e suas sócias estão preocupadas com a mudança e já começaram a buscar alternativas .

Na semana passada, em evento na Federação das Indústrias do Rio (Firjan) para apresentar as mudanças nas regras de compras, o gerente de Suprimentos, Bens e Serviços da Petrobrás, Alex Bessa Lisboa disse que a petroleira ainda estuda como vai fazer as aquisições nos consórcios dos quais participa como sócia e admitiu que esse tipo de caso tem demandado atenção especial do departamento jurídico da estatal.

Lisboa não quis dar entrevista após apresentação. A assessoria de imprensa da Petrobrás, sem negar a declaração do gerente de compras, respondeu ao Estado/Broadcast que "continuará a observar todos os requisitos legais nos seus processos de contratação".

Representante de fornecedores locais, a advogada Julia Mota, sócia do Mota Itabaiana Advogados, diz que está acompanhando de perto essa movimentação da Petrobrás e que, se ela seguir esse caminho, pretende entrar na Justiça contra a petroleira. "A Petrobrás vai precisar se ajustar à Lei e melhorar a sua forma de dialogar com os fornecedores para evitar uma judicialização excessiva". Em sua opinião, "o ideal é que a empresa crie um canal específico de negociação para que as questões sejam resolvidas de forma consensual, evitando ações judiciais".

Para o advogado Paulo Valois, sócio do escritório Schmidt Valois, o "tratamento diferenciado" que a Petrobrás reivindica é legítimo. Segundo ele, a Lei das Estatais prevê a dispensa de licitações em casos específicos, como de emergência ou que possam acarretar prejuízo.

Fontes do setor afirmam que a nova legislação - ao exigir que as empresas públicas sejam mais transparentes e democráticas em suas compras - tende a deixar os processos de aquisição mais lentos, além de atrair fornecedores desqualificados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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