COTAÇÃO

Dólar já é vendido acima de R$ 4 nas casas de câmbio

Moeda americana fecha a semana em forte alta e pode influenciar no crescimento da inflação brasileira

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 19/05/2018 às 7:25
Alexandre Gondim / JC Imagem
Moeda americana fecha a semana em forte alta e pode influenciar no crescimento da inflação brasileira - FOTO: Alexandre Gondim / JC Imagem
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O dólar atingiu a maior cotação em dois anos e, segundo especialistas, a alta pode continuar pelos próximos meses. Ontem (18), o valor da moeda americana subiu pelo sexto dia consecutivo e se aproximou dos R$ 3,80. Esta semana, o dólar valorizou 3,7%. No mês, a alta acumulada é de 6,6%, e no ano já são 12,7% de aumento. Nas casas de câmbio do Recife o valor para compra de um dólar variava entre R$ 3,93 e R$ 4,15 no final da tarde de ontem. A maior cotação para venda às corretoras foi de R$ 3,68.

Produtos importados, ou fabricados no Brasil mas que utilizam componentes importados, como eletro eletrônicos, tendem a ficar mais caros. A alta do dólar também influencia no preço dos combustíveis e, por tabela, no preço do frete das mercadorias que são transportadas por caminhões movidos a diesel. A Petrobras anunciou para hoje um aumento nas refinarias de 0,80% no preço do diesel e 1,34% de reajuste para a gasolina. É o quinto aumento de preço seguido. A decisão de repassar esta alta do combustível para o consumidor é de cada dono de posto de gasolina. Na tarde de ontem já era possível ver, em alguns postos, filas de carros para abastecer antes do possível novo aumento.

Para o sócio da corretora Boa Viagem Câmbio, José Maria de Almeida a subida de ontem do dólar era esperada. “A gente sentia que o mercado estava segurando essa alta mas não esperávamos que acontecesse numa sequência tão rápida”, diz Almeida. Como estamos num ano de eleições gerais o empresário acredita que a tendência de alta deva continuar até outubro. “Tradicionalmente ano de eleição é ano de subida do dólar mas como desta vez o cenário internacional também está turbulento com tensões entre os Estados Unidos, China e os países produtores de petróleo, tudo está colaborando para valorizar a moeda americana”, projeta José Maria Almeida.

DÓLAR

Já o economista e professor da UFPE, Ecio Costa, acredita na volatilidade do câmbio para ajustar a cotação. “A alta deve permanecer por mais um tempo. A gente vê que está sendo testada a fórmula dos 10 centavos. O Banco Central aumenta ao poucos para ver se o mercado aguenta. R$ 3,60, R$ 3,70, R$ 3,80... e pode chegar aos R$ 4,00 ainda este mês”. Segundo o professor, a estratégia do BC foi bem intencionada, na tentativa de tranquilizar os investidores de Renda Fixa, mas acabou gerando mais pânico. Tanto que provocou a suspensão temporária da comercialização de títulos do Tesouro Direto nos últimos dias. “O Banco central agora deve agir mais energicamente no sentido de frear um pouco a escalada do dólar, como espera o mercado”.

Elcio Costa estima que a volatilidade do câmbio deverá continuar até próximo as eleições gerais, em outubro, quando uma nova forte alta deverá acontecer, motivada pelas indecisões no cenário político futuro. Costa lembra que ter um câmbio volátil não é ruim, mas adverte a necessidade de ter um Banco Central forte, para agir estrategicamente quando necessário. Para ele, a próxima reunião do FED, (Banco Central Americano), quando irão determinar novas taxas de juros, pode colaborar para diminuir a tensão no Brasil. O professor lembra que o dólar já chegou a R$4, há exatamente um ano, e depois recuou para R$ 3,15.

Para quem precisa comprar dólar para uma viagem, o economista recomenda cautela. “Se a viagem estiver próxima, o jeito é comprar mesmo. Mas se for algo para daqui seis meses, ou um ano, a dica é comprar aos poucos porque o câmbio pode subir, mas também pode baixar nesse período”. Ecio recomenda, não utilizar o cartão de crédito nas compras em dólar pelo fato de que a cobrança é feita pela cotação do câmbio no dia do fechamento da fatura e não do dia da compra. “ A nossa economia tem que deixar de ter déficit primário e passar a ter superávit primário, é isso que vai dar mais confiança ao mercado e menos dependência da flutuação do dólar”. Para Ecio, o agravamento da crise na Argentina, que também provocou a valorização do dólar, meio que contaminou a economia brasileira. “A economia dos países emergentes está sendo testada. Mas, diferente da Argentina, o Brasil tem 370 bilhões de dólares em reservas internacionais que não foram utilizados e podem servir para ajustar o câmbio”, diz Costa.

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