A greve dos caminhoneiros, que entra em sua segunda semana, também respingou no setor de saneamento, afirma Santiago Crespo, presidente da Associação das Concessionárias de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), que representa grandes empresas como Aegea, BRK Ambiental e Águas do Brasil. "Mas ainda não conseguimos falar em cifras", pontua Crespo.
Caso a crise perdure, algumas concessionárias privadas já afirmaram que serviços operacionais que dependem de frota, como assistência técnica e manutenção, podem ser paralisados ou então realizados apenas para casos emergenciais.
Em nota divulgada hoje, a BRK Ambiental informou que o abastecimento de água e os serviços de esgoto em suas operações não foram impactados até o momento, mas pediu à população que tome "as medidas possíveis" para economizar água. "Os serviços de água e esgoto dependem de produtos transportados por caminhões e, apesar da existência de estoques, a imprevisibilidade sobre a retomada do sistema de transporte de cargas no país exige cautela nos próximos dias", escreve a BRK Ambiental.
O presidente da Abcon disse enxergar uma grande dificuldade do governo em administrar a crise, com idas e vindas nas promessas de desmobilização dos bloqueios das estradas. "Está sem controle", opina.
Conforme o dirigente, o problema é que, nesse meio tempo, outras agendas importantes ficam pelo meio do caminho. Em saneamento, Santiago Crespo enxerga um impacto negativo da crise sobre o projeto que altera o marco regulatório do setor, atualmente parado na Casa Civil. "Há pouca chance de isso andar neste ano", avalia, citando a Copa do Mundo e as eleições como fatores que devem atrapalhar o andamento da maioria das pautas no Congresso a partir dos próximos meses.
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