atualizada às 9h45
Com a saída de mais caminhões-tanque do Porto de Suape, um número maior de postos de combustíveis consegue vender à população gasolina, álcool e diesel. Na área central e Zona Norte do Recife, localidades percorridas pela reportagem do Jornal do Commercio, o preço da gasolina variava entre R$ 4,65 e R$ 4,70, com alguns estabelecimentos não mais limitando a quantidade abastecida pelos clientes. De acordo com o sindicato da categoria, 70% dos postos do Grande Recife estarão abastecidos até o fim do dia. A distribuição de gás de cozinha, entretanto, ainda preocupa muita gente. No bairro de Santo Amaro, por exemplo, uma revendedora da Ultragaz recebeu, após uma semana, a primeira leva de botijões nessa quarta-feira (30), mas quantidade bem abaixo do que normalmente é entregue.
Em Nova descoberta, Zona Norte do Recife, a promessa era de chegar gás até as 10h. "Não tem gás. Ia chegar às 10h, já mudaram para as 13 e a gente tá aí sem gás e sem trabalhar desde a semana passada", disse um dos funcionários de uma distribuidora do bairro.
Para quem está sem gás de cozinha, a espera pela normalização das vendas ainda deve se prolongar. De acordo com a previsão do governo do Estado, até as primeiras horas de hoje, 60 caminhões com GLP devem deixar o Porto de Suape. “Geralmente, por dia, eu recebo 70 botijões para revender aos clientes. O caminhão, que não vem desde a terça-feira (22), só entregou 20”, conta a proprietária de uma revenda da Ultragaz no Bairro de Santo Amaro, Maria do Carmo.
No Posto Petrovia da Avenida Visconde de Suassuna, em Santo Amaro, pouco antes das 11h de ontem, a distribuidora fez a entrega de 10 mil litros de gasolina comum, 6 mil litros de gasolina aditivada e de 4 mil litros de álcool. Os combustíveis, conforme o proprietário do posto, Romero Câmara, foram suficientes para atender à fila de carros que chegava até a avenida Mário Melo. “Saiu uma quantidade boa de caminhões de Suape. Estamos conseguindo atender, mas a demanda de clientes ainda está muito grande. Não estamos nem limitando mais quanto o motorista pode abastecer. Por isso, o que chegou só deve durar até as 18h de hoje (ontem)”, afirmou ele.
Ainda de acordo com Câmara, o preço da gasolina (R$ 4,67) foi reajustado apenas uma vez desde o início da paralisação. “Aumentamos só um pouco e espero que possamos manter isso. Amanhã (hoje) temos a previsão de que chegue mais gasolina”, revela.
Já no posto Shell da Rua Doutor Leopoldo Lins, Boa Vista, Centro do Recife, a fila de motoristas para abastecer, embora chegasse à Avenida João de Barros, estava com tempo médio de espera de 1h, diferente dos demais dias de paralisação, com tempo de espera que chegava a ultrapassar as 6h. “Passei exatamente 1h na fila para conseguir chegar à bomba. Já estou com menos da metade do tanque e, em casa, fizemos uma espécie de revezamento, já que uso o carro para levar meu filho com frequência ao hospital. Aqui ainda estão limitando a compra da gasolina a no máximo R$ 150 para carros e R$ 50 para motos, e pagamento só em espécie”, conta a fisioterapeuta Thaysa Farias, 29.
A expectativa dos donos de postos é de que o serviço só seja normalizado em alguns dias. “Os caminhões já estão conseguindo abastecer o posto e voltar para Suape. Como a demanda ainda está muito grande, só deve normalizar mesmo a partir do fim de semana”, diz Rodrigo Amorim, proprietário do posto BR da Rua 48, no Espinheiro.
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Poucos minutos depois de os botijões chegarem ao estabelecimento, pelo menos 15 pessoas já formavam fila para a compra. “Desde sexta-feira que estou cozinhando com botijão de gás emprestado. Cheguei a encontrar por até R$ 120, mas não aceitei comprar. Tenho um restaurante aqui no bairro e estou cozinhando os alimentos pela manhã e esquentando no micro-ondas na hora de servir”, diz Evani Gomes, 40.
Na revendedora, o produto ainda está custando R$ 65. Ontem, o Procon vistoriou cinco estabelecimentos. Apenas dois tinham recebido botijões. Em um deles, os mil botijões recebidos tinham acabado no mesmo dia. A orientação é de venda de um botijão de gás por pessoa.
Normalização
"A partir de segunda-feira estaremos 100% atendidos". Foi o que afirmou o governador Paulo Câmara, durante balanço feito no décimo dia da greve dos caminhoneiros no Brasil. Segundo o socialista, os serviços estarão normalizados no Estado até a próxima semana. Os postos de combustíveis, por sinal, já começaram a ser abastecidos na última quarta-feira (30).
"Desde o início da manhã estamos conseguindo fazer que tanto combustível, como gás cheguem às cidades pernambucanas. Temos uma meta de mais de mil caminhões saindo nesta quarta-feira (30) de Suape; e até às 17 horas mais de 650 haviam sido retirados. Agora, só estamos com um ponto de bloqueio, que é em Ouricuri e esperamos acelerar esse conjunto de ações para que a normalidade esteja presente em Pernambuco", disse Paulo.
O governador ainda disse que a normalidade vai ocorrer gradativamente ao longo dos próximos dias, principalmente na Região Metropolitana do Recife. "Buscamos celeridade para que chegue gás e combustível em todas as cidades. Mais de 70 municípios já receberam combustível", disse o socialista, que completou afirmando que nesta quinta-feira não haverá problema algum com transporte coletivo.
Desbloqueio das estradas
O exército encaminhou, na tarde dessa quarta-feira (30), mais caminhões e ônibus para as rodovias do Nordeste na intenção de desbloquear os pontos que ainda não foram liberados pelos caminhoneiros no décimo dia seguido de paralisação contra o aumento do preço do combustível. Cerca de 100 policiais entre civis, militares, rodoviários federais e afins, realizam a Operação Corredores Livres. Segundo informou o exército, a prioridade de desbloqueio é a BR-101.