CÂMBIO

Entenda como o BC tem atuado para tentar amenizar a variação do dólar

Até a sexta-feira (15), o Banco Central tinha ofertado em contratos de swaps um total de US$ 24,5 bilhões

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 17/06/2018 às 7:00
Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas
Até a sexta-feira (15), o Banco Central tinha ofertado em contratos de swaps um total de US$ 24,5 bilhões - FOTO: Foto: Fernanda Carvalho/ Fotos Públicas
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 A instabilidade do mercado financeiro, provocada pela elevação dos juros nos Estados Unidos e a indecisão política no Brasil, pode fazer com que o Banco Central (BC) volte a adotar medidas que tinham ficado no passado para tentar amenizar a variação do dólar. Até agora a autoridade monetária vinha atuando por meio dos swaps cambiais – venda futura da moeda norte-americana com garantia de cobertura da variação ao comprador. Há outras duas opções, no entanto, como a venda direta e os leilões de linha, que demandariam o uso das Reservas Internacionais do País, atualmente em US$ 382 bilhões.

 Até a sexta-feira (15), o Banco Central tinha ofertado em contratos de swaps um total de US$ 24,5 bilhões. Desse valor, mais de US$ 18 bilhões foram vendidos. Desde 2002, quando o BC começou a usar esse instrumento, a última quinta-feira foi o dia em que mais foram ofertados contratos: 100 mil em três leilões. Mesmo assim, o dólar subiu mais de 2%, chegando a R$ 3,80. “Acho que o BC não deveria nem atuar via swap, mas já vender direto o dólar. Com a venda de swaps o banco está tentando segurar a variação, mas não está conseguindo fazer isso perfeitamente. Temos um cenário eleitoral ainda perturbado e o FED (banco central dos EUA) subindo os juros. Não dá para fazer um milagre com tantas notícias fora do domínio do BC mexendo com o mercado”, diz o economista e professor da FIA/LabFin Alexandre Cabral.

 De acordo com Cabral, não há problema no uso dos swaps, porém, o melhor seria ofertar logo o dólar em maior quantidade. “O BC ainda não optou por algo além do swap porque deve estar vendo a movimentação do mercado, como especulação dos investidores dentro do País, sem necessariamente querer retirar os investimentos do Brasil”, reforça. Para a próxima semana, o Banco Central já anunciou o lançamento de mais US$ 10 bilhões para contratos em swaps.

 No caso do swap cambial, as operações implicam custo ao governo, porque o BC, no tempo definido dentro do contrato de compra do dólar, se compromete a pagar a diferença correspondente à variação da moeda, acrescida de uma taxa de juros (cupom cambial). Já o comprador arca com a variação da Selic. Segundo pesquisa da consultoria Trullet Prebon, publicada pela Agência Estado, tal instrumento de contenção da alta cambial já custou US$ 25,2 bilhões nos últimos dez anos. “O Brasil tem Reservas Internacionais num montante suficiente para proteger o País de um ataque especulativo muito forte. Já usamos em swaps cambiais metade do valor que a Argentina vai receber de socorro do FMI (US$ 50 bilhões). O que pode acontecer é que fatores extraordinários, como greves, escândalos políticos, candidatos não alinhados com o mercado à frente nas eleições e movimentações internacionais pressionem ainda mais o câmbio e forcem o BC a agir de maneira mais firme”, diz o professor de economia internacional da UFPE, Ecio Costa.

Atuação firme do BC

 O pulso firme do BC seria justamente a retomada da venda direta do dólar, algo que não é feito desde 2009, durante a crise internacional. A venda direta, embora não gere custo ao governo, demanda a retirada de dólar das reservas para venda à vista. O mesmo mecanismo é adotado nos leilões de linha, diferindo porque, nesse caso, o dólar vendido ao mercado é devolvido ao BC, como um empréstimo. “Até o período de eleição devemos seguir com esse cenário de desvalorização. Os swaps são mais interessantes para o BC, até então, porque preservam as Reservas Internacionais, mas o uso desse ‘estoque’ não está descartado”, complementa Costa.

 Segundo ele, além de conter a variação do dólar durante uma especulação – alta muito forte e rápida –, as reservas são importantes para fechar o balanço de pagamentos do País e garantir a independência do FMI e empréstimos internacionais. “Estamos vivendo um momento inverso. Em 2009 a taxa de juros foi zerada nos EUA e na Europa. Os investidores seguiram para os países emergentes porque as taxas estavam acima dos 10%. Agora, o Brasil e outros emergentes estão com juros baixos, o que faz os investidores voltarem para locais mais seguros e isso pressiona o câmbio”, explica o professor da UFPE. Questionado sobre as ações futuras, o BC disse não antecipar decisões a serem tomadas na área de câmbio.

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