O dólar teve nesta quarta-feira (22) sua sexta alta consecutiva, avançando ainda mais no patamar dos R$ 4, num movimento mais uma vez atribuído ao desconforto do investidor com o cenário eleitoral. A moeda americana fechou com valorização de 0,49%, aos R$ 4,0614, maior valor desde 16 de fevereiro de 2016 (R$ 4,0707). Em seis pregões de alta, a divisa acumula ganho de 5,16%.
Na máxima do dia, registrada pela manhã, a cotação chegou aos R$ 4,0912 (+1,23%). No auge da pressão, pesava no mercado a repercussão da pesquisa Datafolha, que trouxe números fortes para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, mais uma vez, estagnação de Geraldo Alckmin (PSDB), candidato de maior afinidade com o mercado financeiro. O potencial de transferência de Lula para o correligionário Fernando Haddad continuou a figurar como possibilidade incômoda ao desejo de um segundo turno com pelo menos um candidato da linha reformista.
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À tarde, a cotação teve importante desaceleração, que coincidiu com a divulgação da ata da reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). O dólar se enfraqueceu ante outras moedas pelo mundo após o documento apontar que muitos dirigentes do Fed afirmaram que o forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos foi impulsionado por fatores transitórios. Essa e outras sinalizações foram interpretadas como indicativo de manutenção do gradualismo na condução da política monetária dos Estados Unidos, o que beneficiou moedas de países emergentes em geral.
Banco Central
O silêncio do Banco Central diante da chegada do dólar aos R$ 4 pode ter sido outro fator a contribuir para a redução da pressão compradora à tarde, segundo profissionais de câmbio ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Se na terça-feira diversos agentes financeiros apostavam nessa possibilidade, hoje ela já era menos comentada nas mesas de operação.
"Ao perceber que o Banco Central continuou apenas acompanhando o mercado, os investidores tiraram o pé do acelerador. Até porque é muito caro carregar posições compradas tendo como justificativa apenas pesquisas eleitorais preliminares", disse um gerente de câmbio.
Para Daniel Xavier, economista-chefe do DMI Group, também foi visível que uma parcela do mercado atuou nos últimos dias de forma a testar limites do Banco Central. Mas ele ressalva que, apesar da volatilidade que caracteriza os negócios no período pré-eleitoral, uma rápida reversão desse quadro não está descartada. "Considerando o início da propaganda na TV e em seguida as pesquisas eleitorais que captem o efeito delas, ainda leva mais algum tempo. Mas o mercado pode ter uma rápida reversão", disse o economista.