O último pregão antes do segundo turno foi marcado por otimismo dos investidores com a possível vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no domingo. O dólar terminou esta sexta-feira (26) em R$ 3,6527, queda de 1,42%, atingindo o menor valor desde 24 de maio (R$ 3,6402). O real teve nesta sexta o melhor desempenho ante a moeda americana entre os 24 principais mercados emergentes. Sondagens privadas mostraram ampla vantagem de Bolsonaro nas pesquisas, o que acabou ofuscando os resultados do Datafolha, que mostraram redução da diferença entre os dois candidatos, e chegou a influenciar negativamente a abertura dos negócios, quando o dólar encostou em R$ 3,73.
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Na semana, o dólar acumulou queda de 9,83%, a quarta semana consecutiva de desvalorização. Com isso, a divisa recua 10% no mês, uma das maiores quedas entre emergentes, atrás apenas da Argentina (-10,9%). Na mínima do dia, a moeda chegou a cair a R$ 3,64, o menor valor intraday em cinco meses.
A dúvida agora é para onde a moeda norte-americana vai após as eleições, se haverá uma realização de lucros ou se há espaço para quedas adicionais. O economista sênior para América Latina da Continuum Economics, a consultoria do economista Nouriel Roubini, Pedro Tuesta, avalia que a vitória de Bolsonaro já foi precificada. "Ganhos adicionais no câmbio são possíveis, mas o potencial é limitado", disse ele ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Após domingo, o que vai interessar os mercados são os detalhes da agenda de medidas do novo governo e os nomes da equipe econômica, ressalta o economista.
Risco
Os estrategistas do banco alemão Commerzbank também veem espaço limitado para mais queda do dólar após as eleições. Em relatório nesta sexta-feira (26), eles alertam que há riscos de decepções dos investidores nos próximos meses com a disposição de Jair Bolsonaro fazer reformas importantes. "Parece que os mercados estão muito otimistas com a disposição do novo governo de implementar reformas." Por isso, o Commerzbank projeta que o dólar pode ficar mais pressionado pela frente, ir a R$ 3,80 em dezembro e chegar a R$ 3,90 em março do ano que vem.
O Commerzbank destaca que um dos principais interesses do mercado é ver quem comandará o Banco Central. Hoje circularam comentários de que Ilan Goldfajn deve permanecer no cargo. Os estrategistas ressaltam que foi graças à estratégia do BC que o real se comportou relativamente bem nos últimos meses, apesar da elevada incerteza eleitoral. Já faz dois meses que não há atuação extraordinária do BC no câmbio.